Um grupo de seis senadores vai propor hoje eleições
antecipadas para presidente e vice-presidente do Brasil. A ideia é aprovar uma
proposta de emenda à Constituição (PEC) no Congresso para que a escolha ocorra
em outubro, juntamente com o pleito para definir os novos prefeitos e
vereadores.
Senador Cristovam Buarque, PPS-DF |
A iniciativa parte de Randolfe Rodrigues (Rede), João
Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Paulo Paim (PT-RS), Cristovam
Buarque (PPS-DF) e Walter Pinheiro (ex-PT-BA, agora sem partido). Os quatro
primeiros já se manifestaram contra a abertura do impeachment no Senado, que
implicaria o afastamento de Dilma por 180 dias, enquanto Cristovam Buarque é a
favor e Pinheiro não se posicionou.
No grupo, contudo, há consenso de que qualquer desfecho do
processo não resolverá a crise, tornando-a mais grave e aprofundando a divisão
da sociedade. Setores do PT agora também se dizem favoráveis à ideia.
Cristovam Buarque afirma que a solução não envolve somente a
aprovação de uma PEC, mas a concordância de Dilma e do vice Michel Temer para
evitar que a questão vire um impasse no Judiciário.
"Mesmo que tenhamos dois terços da Câmara e dois terços
do Senado (placar necessário para mudanças na Constituição), se eles entrarem
no Supremo, pode ser que a corte considere que ferimos uma cláusula
pétrea", explica. "Por isso, reconheço que a nossa proposta tem muita
dificuldade", acrescenta o senador.
O grupo de congressistas, no entanto, vê possibilidade de um
movimento nacional pelas eleições "pegar" diante das dificuldades que
se apresentam tanto para a continuidade de um governo Dilma quanto para o
início de uma gestão Temer, que não se resumem à crise econômica.
A partir de hoje, o PT e seus aliados, incluindo parte dos
movimentos sociais, devem iniciar uma investida para desgastar politicamente
Temer e seu grupo, que enfrentariam, nessa perspectiva, forte oposição num
eventual governo. Por outro lado, os obstáculos de Dilma serão imensos mesmo
que, ao fim, ela consiga preservar a faixa presidencial, com sua base de apoio
esfacelada e vários segmentos da sociedade alinhados por sua saída.
"Tenho a impressão de que estamos votando para escolher
qual é o caminho que nós vamos seguir para o abismo, se é com Dilma ou com
Temer", comenta Cristovam Buarque. "Nenhum dos dois lados tem
condições de conduzir o País a uma situação melhor. Sem a legitimidade das urnas,
eu não acredito", alega.
O PT debate a possibilidade de coletar assinaturas em uma
campanha nacional pela tramitação da PEC eleitoral. A estratégia, chamada de
"contragolpe", é conseguir amplo apoio popular à proposta,
pressionando o Congresso a votá-la. Pesquisas de opinião mostram que a rejeição
a Temer é tão grande quanto a de Dilma, o que, em tese, ajudaria o movimento a
crescer.
Em conversa com jornalistas, a própria presidente admitiu
"respeitar" uma solução para a crise que passe pelo voto popular. A
solução agradaria não só o PT, diante do impasse que vive o governo, mas
partidos como o PSDB e a Rede, interessados em lançar candidatos.
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