Edição Parnaíbapontocom
O cubano Raymel Kessel, de 39 anos, foi pego de surpresa com o fim do Programa Mais Médicos. Após quatro anos e meio trabalhando como médico na rede de atenção básica do município de Ilha Grande, no Litoral do Piauí, Raymel se casou com uma piauiense e é pai de um menino brasileiro, e por isso decidiu ficar no Brasil. “Me sinto parte da Ilha Grande, me sinto filho daqui”, afirmou o médico.
Raymel chegou à Ilha Grande em 2014 e contou ao G1 que foi bem acolhido pela população da cidade. “O acolhimento foi muito bom, desde o prefeito até a população. Sinto que sou querido aqui”, disse. Em 2016, casou-se com Elica Aguiar Martins e o filho do casal, Guilherme, completa dois anos em janeiro.
Sobre o encerramento do programa Mais Médicos, em novembro, o cubano declarou que foi pego de surpresa. “Fiquei chocado com a forma como aconteceu tudo, por que muitos municípios ficaram desassistidos. Muitas pessoas ainda não têm médicos para continuar seus tratamentos”.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, ainda há 57 vagas do Mais Médicos em aberto em 45 municípios do Piauí.
“Achei que foi um pouco discriminatório, na hora de seleção de novos médicos para se incorporarem aos Mais Médicos, não levarem em conta os médicos cubanos que, por alguma razão, decidiram ficar no Brasil”, afirmou Raymel.
O médico gostaria de continuar trabalhando no Mais Médicos caso consiga ser aprovado no Revalida, exame para revalidação do diploma de profissionais formados no exterior para que possam trabalhar no país. Raymel disse que se pudesse escolher onde trabalhar, iria continuar em Ilha Grande, onde se sente parte da população. Mas, ele estar disposto a trabalhar em qualquer cidade do Brasil.
Por conta do casamento, a situação de Raymel no Brasil está regularizada, mas o médico ficou desempregado. Agora, ele tem contado com o apoio da esposa, que trabalha como professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), para estudar e tentar o Revalida. O exame acontece em janeiro de 2019.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) afirmou ao G1 que dos 8,3 mil médicos cubanos que atuam no Brasil, cerca de 1,4 mil são casados com brasileiros. Segundo a Opas, a primeira versão do acordo entre Cuba e Brasil previa que todos os médicos que haviam cumprido 3 anos de missão deveriam voltar a Cuba. Entretanto, uma atualização nas regras feita em 2016 passou a permitir que os médicos que constituíram família com brasileiros não precisariam se submeter ao prazo inicial. As informações são do G1 Piauí.