Sepulturas no Cemitério São Sebastião, em Parnaíba-PI— Foto: O Piauiês |
Nesta quarta-feira, 2, é celebrado o Dia de Finados, um feriado dedicado a orações e homenagens aos que já faleceram. No Brasil, a data faz parte de uma tradição que consiste em visitar as sepulturas dos entes queridos, enfeitar os túmulos com flores, acender velas por suas almas e rezar.
Mas os rituais, quando se perde alguém, são diferentes de acordo com a cultura e a religião. Se para alguns a morte é o fim da existência, para outros é apenas uma etapa.
Neste Dia de Finados, vamos mostrar como o budismo, o espiritismo, o candomblé, o judaísmo e o islamismo entendem a morte. Veja abaixo:
Budismo
Devoto põe a mão sobre a máscara de Bhairab durante o festival das carruagens em Lalitpur, no Nepal, em imagem de arquivo — Foto: Navesh Chitrakar/Reuters |
Os budistas acreditam em reencarnação. Segundo o budismo, após a morte, o espírito volta à vida em outro corpo.
São as ações que o indivíduo tem, em vida, que influenciam em quais condições ele voltará: se subindo ou descendo na escala evolutiva dos seres vivos. Buda compara a morte e a reencarnação ao ciclo de dormir, sonhar e acordar.
"As reencarnações acontecem até que o espírito se liberte do carma, que nada mais é do que a lei de causas e efeitos", diz o budismo.
De acordo com o budismo, para alcançar a libertação, é preciso se desapegar das coisas materiais, evitar o mal, praticar o bem e purificar o pensamento.
Espiritismo
Os espíritas também acreditam na reencarnação e na inexistência da morte. Segundo a religião espirita, "todos fomos criados iguais, simples, ignorantes e somos diferentes na escala evolutiva conforme nossas ações".
Para a doutrina, "em cada vida, o espírito utiliza seu corpo físico para evoluir, e aqueles que não praticam o bem são mais rudimentares, evoluem devagar e recebem novas oportunidades de melhorias por meio das encarnações".
"Já os bondosos evoluem com mais rapidez por se aproximarem dos valores morais de Cristo. Para eles, a consciência é eterna", diz o espiritismo.
No espiritismo, a morte é o retorno da alma para o mundo espiritual, onde ficará até que esteja pronta para uma nova encarnação.
Candomblé
Exposição fotográfica "Afeto" revela as relações de afeto nos terreiros de Candomblé na Bahia (foto de arquivo) — Foto: Roger Cipó/Divulgação |
No candomblé, religião de matriz africana, acredita-se na continuidade da vida por meio de uma força vital e imortal chamada Ori, que significa cabeça, intuição espiritual e destino. Ela é a parte imperecível de uma pessoa.
"Ao morrer, o espírito passa para outra dimensão e se junta a outros espíritos, guias e orixás", diz o candomblé.
Na religião, a morte não é o fim, mas uma mudança de estado e de plano de existência. O candomblé não permite a cremação do corpo. De acordo com os praticantes, o corpo deve ser enterrado, pois o seu retorno à terra completa o ciclo da vida.
Judaísmo
Judeus rezam no Muro das Lamentações, local mais sagrado de oração para o judaísmo, na Cidade Velha de Jerusalém, em imagem de arquivo — Foto: Reuters/Baz Ratner |
Os judeus consideram a alma eterna. Para os que seguem a religião, "a morte é apenas o fim do corpo, da matéria".
"Cada um está na Terra por um motivo e tem uma missão a cumprir", diz o judaísmo.
Algumas correntes acreditam na reencarnação como o retorno do espírito a um novo corpo. Outras acreditam na ressurreição, que seria o retorno ao corpo original.
"A situação do espírito está conectada ao modo como a pessoa viveu no mundo terreno", apontam os judeus. Assim como no candomblé, a religião não permite a cremação do corpo.
Islamismo
Seguidores do Islã oram em imagem de arquivo — Foto: Divulgação |
De acordo com o islamismo, "a morte é a separação do corpo e da alma, é a passagem desta vida para a eternidade". Nessa religião, acredita-se em paraíso, em inferno, e em um juízo final, "quando Alá trará à vida todos os mortos".
"Ao morrer, a alma fica aguardando o dia da ressurreição para ser julgada pelo criador", diz o islamismo.
A religião também não permite a cremação do corpo.
Religiões cristãs
No Brasil, as religiões cristãs são predominantes entre a população. De acordo com essa cultura, quando alguém morre há o sepultamento ou a cremação do corpo, o velório de até 48 horas, as orações, as flores e as velas.
Catolicismo
Velório do padre polonês Kazimerz Wojn, conhecido como padre Casemiro, em Brasília (foto de arquivo) — Foto: TV Globo/Reprodução |
Para os católicos, a morte é uma passagem para a vida eterna. "Cada pessoa é julgada pelas suas ações durante a vida", diz a religião.
"Se perdoado, alcançará o céu, será tocado pelo Senhor e ressuscitará para a vida eterna. Se condenado, irá para o inferno", diz o catolicismo.
Conforme os católicos, algumas almas passam pelo purgatório para serem purificadas por meio de uma experiência existencial. A crença em céu, purgatório e inferno afasta dos católicos a ideia da reencarnação.
"Alma e corpo, sendo uma só coisa, tem apenas estes três destinos, sendo que somente no céu se ergue para a vida eterna", defendem os católicos.
Protestantismo
Os protestantes acreditam que a morte é uma passagem para uma vida em comunhão com Deus, até que ocorra a ressurreição do corpo. Também há a crença em céu e inferno.
No entanto, segundo o protestantismo, o julgamento ocorre pela fé da pessoa na palavra de Deus e pelo amor à ele, e não pelas ações da pessoa em vida.
Luto
Independentemente da religião, a morte de uma pessoa querida gera um luto, que precisa ser encarado. De acordo com o psicoterapeuta Helena Abdalla, esse é um processo que deve ser vivido para que haja superação da perda.
"O luto precisa ser encarado como qualquer coisa na vida. A gente não pode fugir. A gente tem que encarar pra poder realmente viver aquilo, elaborar aquilo, e conseguir superar", diz a psicoterapeuta.
Para Helena, não existe superação que não seja enfrentada. "Se você superou algo, necessariamente, você enfrentou, você encarou aquilo de frente, você não fugiu daquilo", afirma.
A especialista explica que cada pessoa enfrenta o luto de uma forma. "A vivência do luto é muito complexa e muito contraditória. Não existe uma regra. Cada um vive à sua maneira, e as fases do luto são vividas como um processo irracional pra maioria das pessoas", diz Helena.
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