A Gerência de Análise Criminal Estatística da Secretaria de Segurança Pública (SSP) elaborou a Biografia da Vítima de Feminicídio do Piauí. O trabalho revela que 87,85% das mulheres que acabaram sendo vítimas de feminicídio entre janeiro/2022 e abril/2025 não haviam registrado boletim de ocorrência contra os agressores. O delegado João Marcelo Brasileiro, gerente de Análise Criminal e Estatística da SSP, afirma que o dado é um indicativo de que a rede de apoio às mulheres vítimas de violência funciona, desde que a vítima de agressão procure pelo serviço.
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87,85% das vítimas de feminicídio no Piauí não denunciaram agressores/Reprodução |
“Esse relatório nos mostra a eficiência da rede. Quando a vítima procura uma delegacia, a Polícia Militar, as instituições como a Casa da Mulher Brasileira ou aciona os telefones disponíveis para denúncia, o caso dela vira um registro e é essa informação que vai permitir que ela passe a ser protegida”, destaca João Marcelo Brasileiro de Aguiar.O feminicídio geralmente é antecedido por diversos outros tipos de violência. O ciclo inicia com o agressor xingando, ciúmes excessivo, piadas ofensivas, ameaças, proibição e controle, assédio sexual, chantagem, mentiras e ofensas, humilhações públicas. Depois o comportamento do agressor escala para beliscões, arranhões, empurrões, chutes, destruição de bens da vítima. E, num estágio mais avançado, a mulher passa a ser vítima de confinamentos, lesão corporal leve, ameaças com uso de armas ou objetos, abuso sexual, espancamento e ameaça de morte. Por último, a morte.
A Secretaria da Segurança Pública do Piauí disponibiliza a cartilha “Você denuncia, o estado acolhe”, que tem como objetivo disseminar informações claras e acessíveis sobre canais de denúncia, procedimentos e direitos das vítimas de violência contra a mulher. A iniciativa é uma parceria com a Defensoria Pública do Estado, o Tribunal de Justiça e a Secretaria das Mulheres (Sempi).
A cartilha está disponível no formato virtual e pode ser acessada no site da SSP ou por meio de um QRCode nas redes sociais do órgão. Além disso, foram desenvolvidos materiais de divulgação, como cartazes, que serão distribuídos ao longo das fases de execução em delegacias, escolas, unidades de saúde, órgãos de assistência social, instituições do sistema de justiça e em diferentes espaços públicos e privados. A meta é ampliar o alcance das informações, estimular as denúncias e fortalecer a atuação do Estado no acolhimento e na proteção das vítimas.
A secretária das Mulheres do Piauí, Zenaide Lustosa, destaca que o Governo do Estado, por meio da Sempi, está comprometido em ampliar e fortalecer os serviços de proteção às mulheres em todas as regiões do Piauí. “Hoje, já são cerca de 80 Secretarias Municipais da Mulher no estado. Além disso, todas as delegacias estão aptas a receber denúncias de violência doméstica. Mas o mais importante é: não se cale. Sua vida importa. Busque ajuda. Vamos seguir firmes na construção de um Piauí com feminicídio zero”, afirma.
As mulheres vítimas podem acessar diversos tipos de canais. O principal é o Disque 180, central telefônica gratuita, nacional e confidencial, disponível 24 horas, inclusive nos finais de semana e feriados. O serviço garante orientação e encaminhamento das vítimas para os órgãos competentes. Com informações do Portal Conecta Piauí
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