TERESINA
O Hospital Infantil Lucídio Portella está realizando o projeto rizotomia dorsal seletiva, para o tratamento da espasticidade em crianças com paralisia cerebral. O procedimento é pioneiro no estado, e só foi possível porque a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), liberou R$ 363 mil em recursos.
“Esse procedimento não é realizado pelo SUS. No Piauí, somente a rede privada faz essa cirurgia que custa em média R$ 49 mil, mas graças a liberação desse recurso pelo secretário Florentino Neto, hoje podemos disponibilizar esse tratamento pela rede pública”, lembra o diretor do Hospital Infantil, Vinícius Pontes.
No último domingo, 20, foi dado o ponta pé inicial do projeto, sendo realizado sua primeira cirurgia, que beneficiou Luís Fernando, criança da cidade de Amarante, que tem 12 anos de idade, com diagnóstico de paralisia cerebral com espasticidade. “O procedimento transcorreu normalmente e a criança está muito bem. Essa cirurgia é um avanço para a medicina do Piauí”, explica o coordenador do projeto, Francisco Alencar, que está entre os três médicos brasileiros, que são referência neste tipo de procedimento.
A paralisia cerebral é a resultante final de uma lesão não progressiva sobre o encéfalo em crescimento, podendo desencadear diversas alterações do desenvolvimento neurológico. As cirurgias, para amenizar esses sintomas, estão sendo realizadas durante os finais de semana, Hospital Infantil Lucídio Portella e duram em média quatro a cinco horas. “A rizotomia traz mais qualidade de vida para as crianças que tem paralisia cerebral, pois elas passam a ter mais mobilidade motora, se alimentam melhor entre outros ganhos”, afirma, Dr. Vinícius Pontes.
A rizotomia dorsal seletiva é um procedimento neurocirúrgico introduzido na América do Norte no início dos anos 1980, sendo aplicado e desenvolvido em outros países posteriormente, e se baseia na redução da estimulação sensitiva periférica através da secção parcial das raízes dorsais dos nervos espinhais. É o único tratamento capaz de reduzir a espasticidade permanentemente, e por isso, tem eficácia superior ao uso de toxina botulínica quando é necessário um relaxamento muscular amplo e permanente nestes pacientes.
“É um grande desafio encontrar o tratamento certo, no momento certo, para cada criança com paralisia cerebral, se não considerarmos a dinâmica das alterações funcionais em cada um destes pacientes. No CEIR, realizamos o tratamento com toxina botulínica, mas dependendo do quadro da criança, o mais recomendável é a rizotomia”, lembra, Francisco Alencar.
No Piauí, o tratamento ambulatorial da espasticidade nas crianças com paralisia cerebral é realizado no Centro Integrado de Reabilitação (CEIR) e as cirurgias são realizadas pelo Serviço de Neurocirurgia Pediátrica do Hospital Infantil Lucídio Portella – único hospital público infantil de alta complexidade do Estado do Piauí, que é a referência em Neurocirurgia Pediátrica.
Os critérios para inclusão das crianças no projeto são: ser maior de dois anos de idade e com diagnóstico de paralisia cerebral, apresentar espasticidade dinâmica nos membros inferiores, afetando a função e a mobilidade deve ser prioridade, não haver evidência de doença progressiva genética ou neurológica e está em tratamento de reabilitação. “Como critério de precedência, para realização da cirurgia, serão usados tempo de espera e critérios clínicos para definição da sequência das cirurgias”, disse Alencar. Da Redação com informações do Meio Norte