Hoje, 1º de dezembro, dia mundial de luta contra a AIDS,
também é um dia de reflexão. Somente no Piauí, neste ano de 2019, já são 752
novos casos registrados no estado. Esse
dado não está fechado, mas serve de alerta, pois, nos últimos dez anos, houve o
crescente aumento de pessoas infectadas pela doença no Piauí, principalmente
entre os homens.
De 2008 a 2018, os registrados saíram de 264 para 865 novos
casos registrados. Em dez anos, o Piauí contabilizou 5.587 casos; lembrando que
esse quantitativo é subnotificado, ou seja, mais pessoas podem estar com a
doença, mas sem registro na Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi). O primeiro
caso de AIDS registrado no Piauí ocorreu em 1980, quando ocorreu uma epidemia
no país.
A coordenadora de doenças transmissíveis da Sesapi,
enfermeira Karina Amorim, comentou que em “uma década aumentou 50% dos casos no
Piauí. isso aconteceu, principalmente, pelo não uso do preservativo e pela
falta do autocuidado”, comentou a coordenadora.
Karina Amorim ressalta que o aumento do número de casos
também ocorreu porque houve a ampliação do diagnóstico e a descentralização do
teste rápido. Com isso, as pessoas infectadas puderam descobriram a doença com
maior rapidez.
"Os homens representam mais de 50% porque, em geral, negligenciam mais a própria saúde e são os que menos buscam por serviços médicos. Apesar dessa concentração das doenças nos hOomens, é importante citar
que a infecção nas mulheres vem crescendo. Elas precisam continuar com o
empoderamento feminino e se recusar a transar sem proteção, pois muitos homens
alegam perda da sensibilidade no órgão, o que não é verdade segundo
pesquisas", explica Karina.
Karina Amorim defende a ampliação do acesso dos jovens à
Educação Sexual para que eles tenham o conhecimento necessário para prevenção
de doenças sexualmente transmissíveis, além de "quebrar alguns tabus e
mitos", como o preservativo tirar a sensibilidade do órgão genital, por
exemplo. A Educação Sexual precisa ser
trabalhada nas escolas e nas famílias.
"Hoje nós temos uma cultura diferenciada, diferente da
década de 1980 no início da epidemia; os jovens agora são mais sexualmente
ativos
O meio mais comum de transmitir a AIDS ocorre via sexual,
representando cerca de 80% dos casos. ou seja, são pessoas infectadas que
repassa o vírus devido o sexo vaginal, oral e anal sem camisinha. Para conter a
transmissão, a Secretaria Estadual do Piauí distribui gratuitamente camisinhas
masculinas e femininas. Elas estão disponiveis em todos os postos de saúde.
"A pessoa não precisa entregar documentação e explicar o motivo, basta
chegar e pedir a quantidade de camisinha que desejar".
Há outras maneiras de transmitir e ser infectado: uso de
seringa por mais de uma pessoa; transfusão de sangue contaminado; da mãe
infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação; e
instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.
Assim não pega: sexo desde que se use corretamente a
camisinha; masturbação a dois; beijo no rosto ou na boca; suor e lágrima;
picada de inseto; aperto de mão ou abraço;
sabonete/toalha/lençóis; talheres/copos; assento de ônibus; piscina;
banheiro; doação de sangue; pelo ar.
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Coordenadora da Sesapi, Karina Amorim (Foto:Catarina Malheiros/Arquivo/Cidadeverde.com) |
Teste Rápido e Tratamento
O Sistema Único de Saúde oferece gratuitamente o Teste
Rápido de HIV, que deve ser ofertado em todas as Unidades Básicas de Saúde. Em
pelo menos 15 minutos, após fazê-lo, a pessoa poderá saber se está ou não com o
vírus. Dando positivo, ela é imediatamente encaminhada para tratamento, também
oferecido pelo SUS.
Hoje, a coordenadora da Sesapi explica que o estado está com
o estoque de testes normalizados. Além das Unidades de Saúde, eles encontram-se
disponíveis nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA)
Existem CTAs em Teresina (Centro, Rua 24 de Janeiro s/n –
antiga Farmácia dos Medicamentos Excepcionais), Parnaíba, Floriano, Piripiri,
Picos e Oeiras.
Karina Amorim recomenda a realização do Teste Rápido uma vez
ao ano. O teste é indicado sempre que a pessoa fizer sexo sem proteção e
suspeitar da doença.
"Todos os nossos profissionais são capacitados para que
haja essa ampliação da rede de atenção para facilitar a busca pelo teste rápido
e desburocratizar o acesso. Nós também realizamos campanhas em praças,
universidades, escolas".
Assim que diagnosticado, o paciente deve iniciar o
tratamento que, quando não feito adequadamente, poderá levá-lo a óbito.
Atualmente, em Teresina o tratamento é realizado gratuitamente por meio de
medicamentos no Centro Integrado De Saúde Lineu Araújo e no Instituto De
Doenças Tropicais Natan Portela. No interior, os pacientes são acompanhados
pelos CTAs. A AIDS ainda é uma doença
considera sem cura, acrescenta Amorim.
Municípios
A Sesapi realiza o monitoramento por municípios para ampliar
a descentralização dos serviços. A
seguir confira a listagem dos doze municípios que mais tiveram registros entre
os anos de 2008 e 2018:
Teresina: 3487 casos
Parnaíba: 162 casos
Piripiri: 142 casos
Floriano: 129 casos
Picos: 110 casos
Altos: 94 casos
Campo Maior: 93 casos
Oeiras: 87 casos
Luzilândia: 59 casos
Guardalupe: 46 casos
Miguel Alves: 37 casos
José de Freitas: 35 casos
Da redação com informações Carlienne Carpaso/cidadeverde.com