O infectologista José Noronha Vieira, (foto abaixo) diretor
do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela e membro técnico do Comitê de
Operações Emergenciais (COE), alerta que a população deve cumprir rigorosamente
as medidas de isolamento social para que não falte oxigênio de cilindro. Em
entrevista ao Jornal Cidade Verde, ele destacou que a preocupação existe devido
a alta taxa de ocupação de leitos clínicos. Ontem, 22, o anúncio de um novo
decreto com um lockdown parcial gerou protestos. Informações Cidadeverde.com
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Imagem ilustrativa/Web |
“Temos uma empresa que é responsável por boa
parte do fornecimento de gases medicinais para todo o Brasil. O Piauí já entrou
em contato com a empresa que garante que tem capacidade de até triplicar a
oferta. Mas para nós é preocupante porque leitos de UTI, normalmente, têm redes
de gases, trabalham com tanques de oxigênio, tanques de niutrogênio líquido.
Isso é mais fácil de ter uma periodicidade de troca a cada três ou quatro
dias”, explica Noronha.
Por outro lado, o infectologista esclarece que “leitos de enfermaria não têm
rede de gases, o paciente é dependente de cilindros de oxigênio, a depender do
tamanho, você precisa trocar de quatro a sete vezes por dia por paciente e isso
é preocupante. A gente tem que se organizar. Se a população não obedecer essas
medidas e nós aumentarmos essa taxa de ocupação é um cenário possível”,
completa o infectologista.
José Noronha chama atenção para a diferença
entre o pico da doença, no início da pandemia, e o atual momento.
“Até vimos uma ocupação exacerbada dos leitos
de UTI, mas o que é novo pra gente é ocupação dos leitos clínicos também. No
último relatório, temos ocupação de mais de 84% dos leitos de UTIs públicos na
Capital e quase 80% de leitos clínicos na Capital. Tudo isso é um cenário
crítico para quem está gerenciando esses leitos, pra quem está buscando
oferecer esses leitos para a população”, reitera.
Em entrevista ao Jornal Cidade Verde, o
infectologista reforçou sobre a dificuldade para aquisição de insumos. Ele
enfatiza que a situação é grave e afeta a rede pública e privada do estado.
“Estamos
dificuldades de conseguir materiais, EPIs, filtros bacterianos para os
ventiladores, medicamentos relacionados ao paciente covid de UTI: sedativos,
analgésicos opióides e bloqueadores neuromusculares. Uma vez que o paciente tem
indicação de fazer isso pra melhorar a mecânica respiratória e não se tenha
acesso a isso no hospital, esse paciente, involuntariamente, vai aumentar a
inflamação pulmonar e vai evoluir de forma pior. Isso é muito grave. Temos que
controlar a propagação da doença, reduzir a quantidade de pessoas que estão
precisando de leitos porque a doença se propaga em diversos estados de forma
simultânea, diferente do que ocorreu no passado, que foi mais uma onda”,
completou José Noronha.