O mototaxista Francisco Mário Veras Ferreira
foi condenado pelo Tribunal do Júri a 43 anos, dois meses e 20 dias de prisão
por assassinar um guarda civil municipal e ferir outro com golpes de faca, em
Parnaíba, litoral do Piauí. O julgamento foi realizado nesta quarta-feira, 29.
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Francisco Mário Veras Ferreira foi condenado a 25 anos, 11 meses e seis dias de prisão pelo homicídio qualificado contra o guarda municipal Marcos Vinicius Santos Cronemberger, e 17 anos e três meses e 14 dias pela tentativa de homicídio contra David Lucas Sousa Sampaio |
A sessão, presidida pela juíza Ivani de
Vasconcelos, aconteceu na 1ª Vara Criminal da Comarca de Parnaíba, no Fórum
Desembargador Salmon Lustosa. Ao todo, oito testemunhas foram ouvidas.
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Tribunal do Júri julga mototaxista acusado de matar guarda municipal após receber multa no Piauí — Foto: Tiago Mendes/TV Clube |
A sentença determina que o condenado cumpra 25
anos, 11 meses e seis dias de prisão pelo homicídio qualificado contra o guarda
municipal Marcos Vinicius Santos Cronemberger, e 17 anos e três meses e 14 dias
pela tentativa de homicídio contra David Lucas Sousa Sampaio. A pena deve ser
cumprida em regime fechado.
O crime aconteceu em 23 de setembro de 2020,
durante uma abordagem, seguida de discussão motivada por uma suposta infração
de trânsito.
Multa motivou crime
O sobrevivente, o guarda civil municipal David
Lucas Sousa Sampaio, foi o primeiro a prestar depoimento na manhã desta
quarta-feira, 29. Ele relembrou o primeiro encontro com o réu, dias antes do
crime.
Na ocasião, David Lucas estava com Marcos
Vinicius Santos Cronemberger, guarda civil municipal assassinado.
“Nós fazemos fiscalizações nesses locais,
principalmente por queixa dos próprios mototaxistas por estacionamentos
irregulares. Nós estávamos na nossa ronda de rotina e notamos que a motocicleta
do réu estava em desacordo com o posicionamento, uma infração de trânsito
média. Fomos abordá-lo para que ele pudesse corrigir”, disse.
A motocicleta de Francisco, segundo a vítima,
não estava posicionada de forma perpendicular à guia da calçada (meio-fio),
como prevê o Código de Trânsito Brasileiro.
“Ele ficou muito alterado, muito bravo,
entendeu que [a abordagem] era por ele está sem placa, sendo que não é
atribuição do município a questão de emplacamento de veículo. A atribuição do
município é só estacionamento, parada e circulação, e foi nisso que a gente
focou. Ele apresentou um alvará antigo de mototáxi, não fez o que a gente pediu
e saiu. Saiu falando muitos impropérios”, acrescentou.
Na semana seguinte, durante fiscalização de
rotina, os dois guardas municipais abordaram Francisco Mário Veras Ferreira
novamente, pelo mesmo motivo.
“Geralmente estacionamento se corrige, não se
aplica multa, é uma coisa que pode ser sanada no local. Ele novamente veio com
muita conversa, alterado, querendo explicar coisa que não era cabível. Com a
insistência dele em não obedecer a nossa ordem, o meu colega pediu, já que a
moto dele não tinha placa, que a gente fotografasse o chassi, para fazer a
multa. Eu me abaixei pra tirar a foto, ele estava montado na moto e chutou meu
celular”, recordou.
“O celular caiu longe, eu dei voz de prisão pra
ele. Ele deu partida na moto e ameaçou arrancar, não conseguiu sair porque
tinha trânsito. Eu coloquei a mão na ignição, desliguei a moto e puxei a chave.
Nesse momento fiquei com a minha lateral vulnerável e ele deu o primeiro golpe,
acertou as minhas costelas. Eu acreditei que tinha sido um soco, mas tinha sido
facada. Foi com força suficiente pra me empurrar pra longe”, declarou David
Lucas em depoimento.
Na sequência, Francisco Mário teria desferido
golpes de faca contra Marcos Vinicius Santos Crinemberger.
“Ele foi pra cima do meu parceiro, então fui
pra cima pra tentar segurá-lo. Me lembro de ter conseguido imobilizá-lo, mas
não tenho tanta certeza disso porque não tinha nenhuma arma, tentei segurar só
com minha força. Em algum momento, ele me acertou com outros golpes e a partir
daí, não consigo lembrar, tinha perdido muito sangue”, concluiu.
Depois do ataque, o réu fugiu e abandonou a
motocicleta no local. David Sampaio foi socorrido por populares e levado ao Hospital
Dirceu Arcoverde (Heda), onde passou por cirurgia.
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Marcos Vinicius chegou a ser atendido, mas morreu a caminho do hospital |
Marcos Vinícius ficou no local, à espera do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele chegou a ser atendido, mas
morreu a caminho do hospital. O guarda civil municipal completaria seis anos de
carreira na corporação.
Após a morte de Marcos Vinicius, a Prefeitura de Parnaíba
adquiriu armas de fogo e coletes à prova de bala para a guarda municipal. O
equipamento antes não era disponibilizado. Do G1 Piauí