Uma
música que faria menção à disputa entre facções criminosas pode ter motivado os
assassinatos de Francivânio Mendes e Francisco de Assis Lopes Filho. Os amigos
foram mortos na praia de Atalaia, em Luís Correia, litoral do Piauí, no dia 25
de junho. Não foram divulgadas mais informações sobre a música.
Em
entrevista à TV Clube nesta sexta-feira, 14, o delegado regional de Parnaíba,
Williams Pinheiro, informou que a investigação ainda está em aberto, mas que
uma das hipóteses é de que as vítimas foram confundidas com faccionados de uma
facção rival a dos assassinos.
"Tudo
indica que os faccionados entenderam que as vítimas fossem de outra facção, mas
a investigação, até agora, aponta que não havia participação das vítimas em
nenhuma facção", afirmou.
Testemunhas
relataram que as vítimas tocaram a música em questão e isso teria motivado os
criminosos. No entanto, essa é apenas uma das linhas de investigação que estão
sendo verificadas pela polícia.
"O
inquérito está em aberto, estamos aprofundando a investigação para concluir.
Mas essa é uma das linhas, não descartamos ela assim como não descartamos que
tenha havido alguma discussão por ciúmes que tenha acontecido no local",
disse o delegado.
Williams
Pinheiro disse que existe dificuldade em conseguir fazer as testemunhas
falarem. "Dificulta nosso trabalho, mas, no final da investigação, com
certeza vamos dar a resposta", concluiu.
Segundo
suspeito preso
A
Polícia Civil do Piauí prendeu, na segunda-feira, 10, mais um suspeito de
participar do assassinato. O primeiro suspeito detido foi um adolescente,
apreendido no dia 5 de julho, em cumprimento de mandado de internação
provisória.
O
delegado de Luís Correia, Aldely Fontenele, informou que o suspeito preso na
segunda fugiu para Teresina após o crime e estava na capital desde então.
"A
participação dele foi confirmada na quarta-feira, 12, em depoimento. Ele tem 18
anos e é investigado em pelo menos três ou quatro homicídios aqui na cidade.
Após praticar os crimes, ele retornou para um centro de reabilitação onde
estava, em Teresina", contou.
Segundo
o delegado, "informações desencontradas" atrapalharam a investigação,
mas novas provas colocaram o suspeito na cena do crime e reforçaram a
participação de outros suspeitos. Contudo, a investigação ainda está em
andamento e, por isso, não foram divulgadas mais informações.
Testemunhas
relatam à polícia que Gustavo Francisco de Assis e Francivânio Mendes foram
baleados e mortos por quatro pessoas que chegaram à praia em duas motocicletas.
Eles faziam parte de um grupo de turistas de Teresina que viajava em excursão
para o litoral.
Conforme
a polícia, o adolescente apreendido foi "reconhecido por várias
testemunhas por meio de depoimentos e autos de reconhecimento que compõem o
inquérito". Com ele, uma motocicleta e dois capacetes utilizados no crime
foram apreendidos.
Testemunhas
'dificultaram' investigação
Em
27 de junho, dois dias após o crime, a Polícia Civil informou que as
testemunhas estavam "dificultando" a investigação sobre o duplo
homicídio. Caso fosse constatado que havia tentativa de prejudicar as
investigações, a polícia informou que poderia até pedir a prisão dessas
testemunhas.
Segundo
o delegado geral Lucy Keiko, várias pessoas foram ouvidas e nenhuma havia
prestado informações relevantes sobre o caso, especialmente o que pode ter
motivado o crime.
Além
de Francivânio e Gustavo, outras duas pessoas foram baleadas: Isael Ribeiro e
Manoel dos Anjos. Os dois foram levados para o Hospital Dirceu Arcoverde, em
Parnaíba, e passam bem.
A
polícia pede que quem tiver informações sobre os demais suspeitos, faça
denúncias anônimas.
Sem
passagens pela polícia
Os
velórios dos amigos de infância foram marcados por comoção e pedidos de justiça
pelas famílias das vítimas. Francisco de Asssis Lopes Filho, 29 anos,
trabalhava como pedreiro. E Francivânio Mendes, 38 anos, era sapateiro. Eles
não tinham antecedentes criminais.
"Os dois eram trabalhadores, amigos de
infância, infelizmente por uma covardia perdemos eles. Nunca foram envolvidos
com nenhum crime, não mexiam com ninguém. Estamos só divertindo, era uma viagem
que eles faziam todos os anos. Queremos justiça pelo que aconteceu", disse
a prima de Francisco de Assis, Daniele Lima. Do G1 Piauí