Nesta
quinta-feira, 2, dia em que é celebrado o Dia de Finados e centenas de pessoas
visitam os cemitérios para prestar homenagem aos mortos, um mistério ronda o
Cemitério da Igualdade, em Parnaíba, litoral do Piauí, onde uma árvore
gameleira cresceu no túmulo da primeira poetisa do estado, Luíza Amélia de
Queiroz, que em vida escreveu um poema com o desejo de ser enterrada à sombra
desta planta.
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Gameleira nasce em túmulo de poetisa que queria ser sepultada sob a árvore em Parnaíba/Reprodução |
"O
fato é que foi sepultada no cemitério e não havendo ali essa gameleira, a
natureza, Deus ou forças sobrenaturais, acredito, fez com que rebentasse de seu
túmulo uma gameleira que veio a se tornar uma belíssima e frondosa árvore que
dá sombra e beleza a esse túmulo", explica Elmar Carvalho, escritor, poeta
e membro da Academia Parnaibana de Letras (APAL).
Segundo
o poeta, que escreveu um opúsculo, pequeno livro, sobre o túmulo de Luíza
Amélia, a sepultura é uma obra de arte com um valor arquitetônico inestimável
porque foi feito com pedra de mármore de ilhós, importada de Portugal.
No
livro "Personalidades atuantes da história de Parnaíba - ontem e
hoje", da professora Aldenora Mendes Moreira, é mencionada a poesia em que
Luíza Amélia demonstra seu desejo de ser enterrada à sombra de uma gameleira.
Segundo a autora, esse foi um dos últimos escritos da poetisa.
"Nasceu
a frondosa e bela gameleira, que ali permanece, projetando a sombra amiga,
sobre o túmulo da notável poetisa, atendendo em silêncio seu desejo, à sua
prece em versos", escreveu a professora Aldenora em sua obra.
Nas
fotos do g1 (confira a galeria ao fim da reportagem), é possível ver que a
árvore nasceu de dentro da sepultura. A lápide superior foi quebrada pela força
da natureza, mas o túmulo permanece conservado com alguns escritos em sua
homenagem e o nome da poetisa.
História
de Luíza Amélia
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Opúsculo, pequeno livro, sobre a primeira poetisa do Piauí, Luíza Amélia de Queiroz — Foto: Elmar Carvalho |
Segundo
o escritor Elmar Carvalho, Luíza Amélia de Queiroz nasceu em 26 de dezembro de
1838, em Piracuruca, mas passou a maior parte da vida em Parnaíba.
Filha
de Manuel Eduardo de Queiroz e Vitalina Luiza de Queiroz, a poetisa se casou
pela primeira vez em 1859, mas ficou viúva e se casou pela segunda vez em 1888.
Ela
não teve filhos nos dois casamentos. Como os dois maridos eram comerciantes,
vivia quase sempre sozinha escrevendo poesias.
"Ela
fez uma poesia que era típica do romantismo. Abordava os sentimentos amorosos.
As decepções, os encontros e desencontros da vida amorosa que pode acontecer
com qualquer pessoa. Mas tratou também de outros assuntos, inclusive de
assuntos bucólicos e também fez o seu próprio autorretrato em um poema em que
ela se descreveu", afirma o escritor.
Elmar
Carvalho destaca também que apesar da época, Luíza Amélia realizou grandes
feitos, conquistando um importante espaço na atuação feminina na área da
escrita e publicação em periódicos no século XIX, na província do Piauí.
Atualmente,
a poetisa é patrona da cadeira 28 na Academia Piauiense de Letras (APL), além
de ser patrona também da cadeira 24 da Academia Parnaibana de Letras (APAL).
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Túmulo da primeira poetisa do Piauí, Luíza Amélia de Queiroz/Reprodução |