Segundo
pesquisadores europeus do Observatório Copernicus, 2023 deve terminar como o
ano mais quente em 125 mil anos. No entanto, esse recorde pode ser superado já
no próximo ano. Essas projeções foram feitas com base na paleoclimatologia, que
é a área que estuda as variações climáticas ao longo da história da Terra. A
onda de calor, associado a outros eventos climáticos extremos, está relacionada
com o fenômeno El Niño e as contínuas emissões de gases de efeito estufa em
atividades humanas.
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A onda de calor está relacionada com o fenômeno El Niño e as emissões de gases de efeito estufa - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press) |
O mês passado foi o
outubro mais quente já registrado no planeta, pois alcançou 1,7°C a mais do que
a média para o mês de outubro no período de 1850 a 1900, nível pré-industrial.
Desde janeiro, a temperatura média do planeta é a mais quente já registrada
para os primeiros 10 meses do ano, sendo 1,43°C acima da média.
“Isso me deixa
nervosa com o que está por vir. Quando combinamos todos os dados, os registos
globais da temperatura do ar, os registos globais da temperatura da superfície
do mar, os registos globais do gelo marinho, todas estas indicações juntas
mostram-nos realmente que o nosso clima está a mudar a um ritmo muito rápido e
que temos de nos adaptar ao clima que enfrentamos agora. Podemos dizer com
quase certeza que 2023 será o ano mais quente já registrado”, afirmou a
vice-diretora do Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus, Samantha
Burgess.
El Niño
A Organização
Meteorológica Mundial (OMM) alertou que o fenômeno climático El Niño deve durar
até, pelo menos, abril de 2024 e contribuir para um novo aumento de
temperaturas em várias partes do mundo. O próximo ano pode ser ainda mais
quente do 2023 e algumas regiões serão impactadas por eventos extremos, como
ondas de calor, chuvas fortes e incêndios florestais.
"Os impactos
do El Niño na temperatura global ocorrem normalmente no ano seguinte ao seu
desenvolvimento, neste caso em 2024. Mas como resultado das temperaturas
recordes da terra e da superfície do mar desde junho, o ano de 2023 está agora
no caminho certo para ser o ano mais quente registrado. O próximo ano pode ser
ainda mais quente. Isto deve-se clara e inequivocamente à contribuição das
crescentes concentrações de gases com efeito de estufa que retêm o calor
provenientes das atividades humanas”, explicou o secretário-geral da OMM,
Petteri Taalas.
A Organização Meteorológica Mundial ressalta que, em meio a
eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, as comunidades
vulneráveis são mais suscetíveis a sentirem impactos maiores. "Sobre os
desastres, o número de eventos de médio ou grande porte previsto é de 560 por
ano, ou 1,5 por dia, até 2030. Em países com cobertura limitada de alerta
precoce, a mortalidade por desastres é oito vezes maior do que em países com
cobertura substancial ou abrangente", diz a OMM.