A Polícia Civil do Distrito Federal, com apoio das Polícias do Piauí e do Maranhão, está realizando nesta terça-feira, 27 a “Operação Alto Escalão II” para cumprimento de oito mandados de busca e apreensão nas cidades de Timon e Teresina contra pessoas suspeitas de se passarem por políticos para a aplicação de golpes.
Operação cumpre mandados no Piauí contra suspeitos que se passavam por senadores para aplicação de golpes/Reprodução |
Segundo a polícia, a investigação se iniciou em junho de 2023, após os senadores Humberto Costa e Paulo Paim informarem que pessoas desconhecidas estavam se passando por eles, inclusive com a utilização de suas fotografias no WhatsApp.
Senadores identificaram perfis falsos usando suas imagens/Reprodução |
Com o andamento da investigação, a polícia descobriu que outros políticos também estavam sendo alvos dessa organização criminosa, entre eles o senador Marcelo Castro (MDB), do Piauí.
“Através de investigações cibernéticas, descobriu-se que os ‘golpistas’ também utilizavam vários diversos perfis falsos se passando por outras autoridades. Em muitos casos, havia vários números cadastrados em nome do mesmo parlamentar”, informou a polícia.
Eles usavam esses perfis para aplicar golpes principalmente em vereadores e deputados estaduais. “Os criminosos praticavam os ‘golpes’ contra vereadores e deputados distritais passando-se por senadores (em regra). Entravam em contato com as vítimas informando que havia uma doação disponível, de cesta básica ou outros produtos. Porém, devido a um prazo prestes a esgotar, solicitavam empenho das vítimas com um depósito de dinheiro ao motorista do caminhão em que os produtos estavam para poderem ser entregues na região da vítima”, explicou a polícia.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no bairro Novo Tempo, em Timon (MA), e no Centro de Teresina (PI). Os suspeitos serão indiciados nos crimes de associação criminosa e estelionato, cujas penas somadas podem atingir nove anos de reclusão.
O alvo em Teresina foi uma mulher residente no Centro de Teresina. Ela foi ouvida pela polícia e liberada. Em depoimento, ela confirmou que mantém uma relação de amizade com um dos membros da associação. Segundo a polícia, a participação dela foi descarta, o amigo teria utilizado o wi-fi de sua residência para aplicar o golpe.
Os demais investigados residem no bairro Novo Tempo, em Timon (MA). Segundo a polícia, eles têm algum grau de parentesco ou proximidade.
"São irmão ou pessoas que mantém uma relação afetiva, mas são todos próximos", disse o delegado Rafael Catunda, que preside a investigação. Entre as vítimas identificamos parlamentares do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco que foram vítimas deles. Eles não fizeram contato com parlamentares do Maranhão. Só chips com a foto do senador Paulo Paim apreendemos doze", adiantou.
Os envolvidos ostentavam nas redes sociais. Um deles publicou fotos de viagens a destinos turísticos em Jericoacoara (CE), Rio de Janeiro (RJ), Brasília DF) e São Paulo (SP) e até passeio de helicóptero. Outro suspeito publicava fotos com armas.
Para tentar dificultar a investigação, os golpistas faziam contato com vereadores de deputados estaduais de outros estados.
Sobre o montante de dinheiro arrecadado com o golpe, a polícia ainda espera chegar a essa informação. O delegado explicou que a denúncia por falsa identidade foi o fator gerador da investigação e que as pessoas que tiveram prejuízo financeiro com golpe serão identificadas a partir de agora.
"Essa foi a nossa primeira operação aqui, aprendemos celulares, ouvimos pessoas supostamente envolvidas e vamos ter acesso às informações bancárias deles. Assim vamos identificar as vítimas que tiveram prejuízo financeiro com o golpe e estimar o valor que eles movimentaram com o crime", explicou.
Sobre o envolvimento dos suspeitos com facções criminosas, a polícia diz que ainda não é possível fazer essa ligação.
"O que pudemos levantar é que nenhum deles responde a processo judicial. Lá de Brasília, não temos acesso às informações da Polícia Civil do Maranhão. Agora, após as oitivas, vamos fazer essa checagem", afirmou.
Números que foram usados para aplicação de golpes/Reprodução |
Alto Escalão I
Em novembro de 2023 foi realizada a Operação Alto Escalão I pela Polícia Civil do Distrito Federal, visando o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão em desfavor de integrantes de uma associação criminosa especializada em crimes de fraude eletrônica, após informações de gabinetes de alguns ministros que tiveram suas imagens e nomes utilizados indevidamente, conseguiram identificar dez integrantes do grupo criminoso, todos residentes nos estados de Pernambuco e Paraíba.
Segundo a investigação, a associação criminosa cooptava vítimas se passando por autoridades do primeiro escalão do Poder Executivo do País, especialmente por ministros de Estado, “clonando” perfis de aplicativos de mensagens, utilizando suas imagens, nomes e informações colhidas em fontes abertas.
Esses criminosos não possuem relação com esse novo grupo que está sendo alvo da Operação Alto Escalão II em Timon e Teresina.