Em 10 anos, entre 2002 e 2012, a taxa de óbitos por arma de
fogo no Piauí cresceu 123,4%, segundo o Mapa da Violência. No mesmo período, em
Teresina, a taxa cresceu 148%. Mesmo com este dado alarmante, o pesquisador em
segurança pública, professor José Bispo de Miranda afirma que, se o Estatuto de
Desarmamento não tivesse sido implantado, o número de mortes no Estado seria
muito maior.
“Se nós temos uma dificuldade ao acesso a armas, você tem
uma dificuldade de dá algum efeito letal ao seu inimigo”, afirma.
O posicionamento do pesquisador é reafirmado pelo estudo que
forneceu os dados, o Mapa da Violência publicado em 2015. Segundo o Mapa, o
crescimento da violência seria mais acentuado caso o acesso às armas não
tivesse sido restringido pelo Estatuto do Desarmamento. Entre 2004 e 2012,
foram poupadas 160.036 vidas no Brasil, sendo 70% desse total de jovens.
No Piauí, somente em 2015, segundo dados fornecidos pela
Secretaria de Segurança Pública, 370 pessoas foram mortas por arma de fogo, o
que corresponde a 60,55% das vítimas de homicídio doloso no Estado. Em
comparação a 2012, último ano registrado no mapa da violência, o aumento de
óbitos no Estado aumentou apenas 17 pontos.
“Quanto mais armas na mão da população, mais violência nós
teremos”
Para o pesquisador em segurança pública, José Bispo de
Miranda, o acesso a armas tem um impacto direto nos números de homicídios e
manter uma população desarmada é um ponto positivo. “Existe um efeito bastante
positivo do Estatuto até hoje, especialmente na redução dos homicídios que é o
principal crime que afeta diretamente a vida. Além de você trabalhar em uma
cultura de uma população desarmada, que não busca, através de armas, vingança
de algum delito e algum crime ou de algum conflito que todos nós estamos
vulneráveis”, pontua.
Além disso, para José Bispo, tentar associar a violência
existente na sociedade a uma população desprotegida pela falta de arma é um
equívoco. “Ao contrário, quanto mais armas na mão da população, mais violência
nós teremos”, argumenta o pesquisador, acrescentando que “é ilusório se
imaginar que dando arma à população, ela vai saber se proteger com essa arma”.
Mesmo com todos os pré-requisitos exigidos pela Polícia
Federal para obtenção do registro e do porte de arma, que inclui uma série de
testes de capacidade técnica e psicológica, é possível que uma pessoa que
consiga ter uma arma não esteja preparada para utilizá-la em sua autodefesa e
proteção. “O cidadão não tem a capacidade de utilizar a arma e de se proteger
com ela. Isso é um mito que nós temos e que não se concretiza”, pontua José
Bispo. - o dia