parnaibapontocom com informações do portal O Dia
A alta taxa de recusa familiar para doação dos órgãos de
parentes mortos no Piauí, um total de 52%, tornou-se motivo de preocupação para
o Ministério da Saúde. Durante o ano passado, 90 pessoas foram notificadas como
potenciais doadores, mas somente 19 doaram algum órgão. Isso corresponde a
apenas 5,9 doadores por milhão da população, contra 9,9 da região Nordeste e
13,9 do país.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, 853 pessoas
estavam aguardando por um transplante no estado do Piauí em 2015. Do total de
pacientes na fila de espera, 472 necessitavam da doação de um rim e 381 por um
transplante de córneas.
Foram realizados, naquele ano, 210 transplantes no Piauí.
Desses, 183 casos foram de córneas transplantadas e 27 de rim. “A Central tem
estrutura apropriada, com apoio da Secretaria de Saúde, mas ainda com baixo
número de notificações e alta taxa de recusa familiar. O número de doadores
efetivos, bem como o de transplantes, é inferior ao desempenho da região
Nordeste”, conta Maria de Lourdes de Freitas Veras, Coordenadora da Central de
Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) do Piauí.
Segundo o médico Leonardo Borges de Barros e Silva,
coordenador da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP, os motivos para a recusa pela família são
diversos: desde crenças religiosas que impedem a realização da doação até o
desconhecimento e não aceitação da morte encefálica, o que faz muitos
familiares acreditarem que a condição do ente querido com o corpo quente e o
coração batendo seja um indicativo de que ele sobreviverá.
Imagem: Ilustrativa |
“Entretanto, o diagnóstico de morte encefálica – conhecida
também como morte cerebral – é irreversível, ou seja, o paciente perde todas as
funções que mantêm a sua vida, como a consciência e capacidade de respirar. O
coração permanece batendo e os demais órgãos funcionando. Com exceção das
córneas, pele, ossos, vasos e valvas do coração, é somente nessa situação que
os órgãos podem ser utilizados para transplante”, observa o especialista.
O consentimento informado é a forma oficial de manifestação
à doação. A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas
para transplantes ou outra finalidade terapêutica dependem da autorização do
cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória, firmado em
documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
“Evidentemente, a manifestação em vida da pessoa a favor da
doação de seus órgãos e tecidos para transplante pode favorecer o consentimento
após a morte, mas, de acordo com a lei, é a vontade da família que deve
prevalecer”, explica o médico Leonardo Borges de Barros e Silva.
Exposição
Teve início na última sexta-feira (3) o Projeto “Gesto de
Herói – o poder de doar vida”, exposição itinerante sobre doação de órgãos que
já passou pelas cidades de Rio Branco (AC), Manaus (AM) e Belém (PA), e
acontecerá durante o ano de 2016 em mais seis estados nas regiões Nordeste e
Centro-Oeste do país.
A ação da Fundação Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (USP), em parceria com o Ministério da Saúde, tem como objetivo
conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e,
principalmente, colocar esse tema em pauta nas discussões familiares.
A exposição permanecerá na capital piauiense até o dia 12 de
junho, no Teresina Shopping, com entrada gratuita. Além da exibição de
depoimentos reais de familiares de doadores falecidos e pacientes
transplantados, a população poderá esclarecer as principais dúvidas
relacionadas à doação e transplante de órgãos.