Em 2012, em sua estreia em Olimpíadas, a judoca brasileira Rafaela Silva foi vítima de racismo. Pelo Twitter, a atleta foi chamada de "macaca" |
É Silva, é da favela, é uma das milhões de brasileiras que
tiveram uma infância pobre. A diferença é que o esporte transformou a vida de
Rafaela, e cerca de quinze anos depois de ser colocada pelo seu pai em um
projeto social que ensinava judô para evitar que o crime organizado a
seduzisse, a menina carioca de 24 anos é a mais nova campeã olímpica do esporte
mundial. Nascida e criada na famosa favela Cidade de Deus, Rafa enfileirou
cinco adversárias e levantou uma contagiante torcida nesta segunda-feira, na
Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra, para realizar o maior sonho de
qualquer atleta no planeta, não importa da onde ele veio. Na grande final do
peso-leve (até 57kg), a atleta de 1,69m se agigantou e venceu por wazari a
judoca da Mongólia Sumiya Dorjsuren, líder do ranking mundial. É o primeiro
ouro do Time Brasil na Olimpíada do Rio, e a segunda medalha brasileira, após a
prata no tiro esportivo de Felipe Wu, na pistola de 10m. A láurea de Rafa é a
20ª do judô nacional em Jogos Olímpicos, aumentando a vantagem da arte marcial
de origem japonesa na disputa com a vela (17).
Desde que entrou pela primeira vez no tatame nesta segunda,
Rafaela decidiu que ela ia muito longe na Olimpíada do Rio. Dona de um enorme
talento para o judô, mas nada fã dos exaustivos treinos, ela foi campeã mundial
em 2013, porém passou os três últimos anos sem grandes resultados. Estava tudo
guardado para a competição na casa dela. Com muita raça, sangue nos olhos e uma
técnica apurada, ela contou o apoio de uma ensandecida torcida que vibrou sem
parar, pressionando as gringas. A Silva mais famosa do momento derrotou, pela
manhã, em sequência, a alemã Myriam Roper (primeira fase), a sul-coreana Jandi
Kim (oitavas) e húngara Hedvig Karakas. A vaga na decisão veio com uma
emocionante vitória no golden score, a prorrogação do judô, sobre a forte
romena Corina Caprioriu, prata em Londres 2012 e vice no Mundial de 2015.
Editado por parnaibapontocom
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