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A Beija-Flor conquistou nesta quarta-feira, 14, seu 14º
título no Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro. Apesar de um desfile
que pecou na parte técnica, a escola de Nilópolis conquistou público e jurados
pela emoção.
A azul e branco levou para a Sapucaí uma pesada crítica
social com o enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados
da pátria que os pariu” misturando a história da obra "Frankenstein",
de Mary Shelley, com a realidade do nosso país.
O ator Edson Celulari veio no carro abre-alas representando
Dr. Victor Frankenstein, criador do monstro da ficção. Ratos apareceram já no
segundo carro, ao lado de uma favela, precedido por alas com os animais e com
barris de petróleo também representando corrupção. Componentes também vieram
encenando uma cena protagonizada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral em um
jantar luxuoso em Paris. Sua mulher, Adriana Ancelmo, também foi representada
por uma integrante usando uma tornozeleira eletrônica.
O abandono da população, vítima de balas perdidas, da
violência e relegados a buscar alimentos no lixo, foi o tema do terceiro carro,
com cenas bastante dramáticas.
Com a cantora Pabllo como destaque do penúltimo carro, uma
representação do Maracanã com uma escultura de Frankenstein, a escola também
abordou a intolerância e o preconceito contra as pessoas LGBT.
O preconceito com os nordestinos e as brigas de torcida também
foram lembradas. A funkeira Jojô Todynho veio na parte de trás, em uma alegoria
contra o racismo e a xenofobia.
Antes do início da apuração, o intérprete Neguinho da
Beija-Flor comparou o desfile deste ano ao que a escola fez em 1989,
considerado um dos melhores desfiles de todos os tempos, mas que não conquistou
o título.
"Me lembra muito o desfile 'Ratos e Urubus' Mesmo que a
Beija-Flor não saia com o primeiro lugar hoje, esse desfile já marcou a
história", ponderou.
No ano passado, em um Carnaval marcado por tragédias e
problemas, o título ficou dividido entre a Portela e Mocidade Independente de
Padre Miguel. Já neste ano, os desfiles ficaram marcados pelo forte apelo
político.