Informações Portal Meio Norte
Edição ParnaibapontoCom
A delegada Anamelka Cadena, titular do Núcleo de Feminicídio do Piauí, concluiu nesta segunda-feira, 23, o inquérito que investigou as agressões a um bebê de apenas um mês, que apresenta lesões por mordidas e teve o lábio inferior completamente arrancado. O pai do bebê, preso como principal suspeito, foi indiciado por quatro crimes.
Segundo a delegada, as investigações concluíram que há indícios de tentativa de homicídio, ameaça, lesão corporal e difamação. O homem está preso preventivamente desde o dia 15, data em que as agressões aconteceram.
“Ele já havia dito que ia tentar matar o bebê e a companheira, temos testemunhas que afirmam isso. A lesão corporal está comprovada e a difamação aconteceu por parte dele quando disse pra outras pessoas que o filho não era dele, na única intenção de atingir a honra da mãe da criança”, explicou Anamelka.
O fato de a criança ser ou não filho dele, segundo ela, não muda o fato de que ele comentou o caso com outras pessoas com o objetivo de atingir a honra da vítima.
Mãe não é responsabilizada
Anamelka declarou que não encontrou indícios, nas investigações, de que a mãe tenha sido conivente ou mesmo negligente com o filho. Ela ainda aguarda resultado qude um exame toxicológicoe pode constatar se a mãe foi dopada pelo suspeito no dia das agressões, o que reforça a tese de que a mãe não tinha como ter impedido as agressões.
“Ela que prestou socorro imediato à criança, levou ao hospital e informou o que tinha acontecido. Não temos sequer a informação de que ela negou ter sido o pai o autor das agressões. E mesmo que ela tivesse negado, é preciso observar a situação de violência psicológica e emocional que ela sofria dentro de casa”, disse.
O bebê continua internado no Hospital de Urgência de Teresina em situação estável. Ele aguarda recuperação da lesão no lábio para um possível exerto para reconstrução do tecido perdido.
Histórico de violência
A delegada destacou ainda que a mulher, em depoimento, informou sofrer agressões e ameaças por parte do marido no dia do crime e, antes disso, durante4 anos. Ela não havia denunciado, segundo Anamelka, por medo do companheiro.
“Ela nos relatou que ele disse para ela ‘eu posso ser preso, mas quando eu sair eu lhe mato’. Então é preciso observar que ela pode não ter denunciado por viver nesse ciclo de violência. As testemunhas sabiam disso e poderiam ter denunciado, não é preciso que apenas a mulher vítima denuncie. Isso poderia até ter evitado que se chegasse a esse ponto”, disse.
Anamelka destacou que além da central nacional de denúncias de violência contra a mulher, pelo 180, as denúncias podem ser feitas no Piauí pelo aplicativo Salve Maria. Em caso de violência em flagrante, a Polícia Militar pode ser acionada pelo 190. As denúncias são todas anônimas.