Raimundo Neto Pereira, 34, acusado de matar a esposa, Selene Veras Roque, assumiu autoria no
assassinato e disse que queria ser punido pelo crime ocorrido em 2018. Ele
prestou depoimento na tarde desta quinta-feira, 8, durante o julgamento no
Tribunal Popular do Júri, em Luís Correia. Informações G1 Piauí
“Eu quero pagar pelo o
que eu fiz, eu não me perdoo nunca pelo o que fiz. Hoje eu vivo controlado por
remédio. Eu não destruí só a mim e a minha esposa não, eu destruí a minha
família inteira. Eu fui um monstro fazendo um negócio desses”, afirmou Raimundo
Neto.
O acusado está sendo
julgado pelo Tribunal Popular do Júri, no Fórum de Luís Correia. O suspeito
chegou ao fórum por volta das 8h15. Com cartazes, familiares e amigos da vítima
afixaram cruzes em frente ao local e protestaram pedindo justiça e o fim dos
feminicídios.
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Familiares e amigos de professora assassinada no Piauí pedem justiça — Foto: Tiago Mendes/TV Clube
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Acusado assume crime
Raimundo Neto é
acusado de matar sua esposa, Selene Veras Roque, em junho de 2018, no povoado
Brejinho, zona rural de Luís Correia, no Piauí. Ela sofreu 26 perfurações de
facão, na residência onde o casal morava com o filho de 7 anos.
O acusado chorou durante
todo o depoimento e contou como tudo aconteceu. Segundo Raimundo Neto, um dia
antes do crime, no dia 7 de junho de 2018, ele foi até um bar com um amigo e
acabou se esquecendo de ir pegar a esposa, que estava fazendo uma
especialização na cidade de Parnaíba, o que teria irritado a vítima.
Ele então pegou Selene
na universidade e a deixou em casa, em Luís Correia. Raimundo Neto
então voltou para o bar, retornando somente por volta de 4h30 do dia 8 de
junho. Ele explicou que essa situação acabou gerando uma discussão entre o
casal e que a esposa teria dito que queria sair de casa.
“Eu então perguntei
porque toda vez que a gente discutia, ela queria ir embora. Eu me lembro que
xinguei e nisso a Selene me deu um tapa. A gente caiu no sofá e eu não me
lembro mais de nada”, contou.
O acusado declarou que
não lembra de ter pego o facão e matado Selene com 26 perfurações. Ele ainda
assumiu a responsabilidade pelo o que aconteceu.
“Se eu tivesse a
oportunidade hoje, eu traria a vida dela de volta, porque a dor que eu estou
passando, não desejo para nenhuma pessoa no mundo. Fui um monstro, eu não quero
me defender em nada”, disse o acusado.
Durante o depoimento,
ele disse que o casal estava junto há 12 anos, e que quando começaram a
namorar, Selene tinha apenas 15 anos. Raimundo ainda negou que durante o
relacionamento teria agredido a esposa em outras ocasiões.
Mãe relatou torturas e
ameaças à criança
Em entrevista à TV
Clube, a mãe da vítima, Silvia dos Santos Veras, relatou que soube de
desentendimentos entre o casal e agressões sofridas pela filha somente após o
crime. Segundo ela, a filha de Selene Veras, de sete anos, presenciou momentos
de violência.
"Ela nunca me
falou nada, tanto que foi mais duro por isso. Ela deixou minha netinha, eu
perguntei 'por que você não me avisou? Eu teria vindo aqui e tirado ela dele,
teria fugido com ela'. E ela disse 'ele falava que se eu contasse para minha
avó, me matava também'. Ela disse que muitas das vezes abria os olhos e pensava
'não vou dormir, vou ficar com os olhos abertos para ver quando ele começar a
bater nela", contou a mãe de Selene.
De acordo com Silvia
Veras, o homem chegou a encher garrafas com dois litros de água e obrigava a
vítima a beber. Caso ela reclamasse, ele a agredia. "O que a gente pede é
justiça, que ele seja condenado com a pena máxima, porque foi muito triste o
que ele fez com a minha filha", disse a mãe.
Julgamento adiado uma
vez
Inicialmente, a sessão
estava prevista para o dia 9 de junho deste ano. Mas foi suspensa depois que a
defesa do acusado solicitou adiamento após uma das juradas passar mal e ser
socorrida por uma profissional de saúde, que prestou atendimento médico.
A primeira audiência
do caso, de instrução e julgamento, aconteceu em julho de 2018. Na ocasião, a
defesa alegou insanidade mental do acusado, ou seja, no momento do crime o
homem estaria "fora de si" e não poderia responder por ele.
Relembre o crime
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Professora foi morta com mais de 20 facadas no litoral do Piauí — Foto: Reprodução/Facebook |
A professora Selene
Roque Veras, de 28 anos, foi assassinada com 26 perfurações de facão na casa em
que morava em Luís Correia, na noite do dia 3 de junho de 2018. Raimundo Neto
Pereira fugiu após cometer o crime. Após quase 72 horas foragido, o homem se
entregou acompanhado do advogado.
O delegado de Polícia
Civil de Luís Correia, Maikon Kaestner, afirmou que o suspeito alegou um
desentendimento do casal antes do crime.
“O casal já vinha
brigando há muito tempo. Já tinham se separado algumas vezes e havia ciúmes por
parte dele. Ele falou que a relação estava desgastada e ele não queria a
separação. No domingo, ele deixou cedo ela na aula e foi ao bar beber. Meio
dia, pegou ela, almoçaram, tiveram uma leve discussão e foram discutindo para o
povoado onde moravam. Voltando para casa, eles continuaram a discussão até o
momento que ela pediu a separação, dizendo que não o amava mais", relatou.
“Depois, acirrou a
briga até o momento em que estavam na sala discutindo, e ele querendo que ela
ficasse. A filha não estava no local, estava na casa da madrinha. Ele estava na
cozinha, lembra que pegou uma faca e, dizendo ele, que não lembra como foi no
calor da emoção. Não lembra quantas facadas, disse que só veio a si quando se
deparou com ela morta no chão”, detalhou o delegado.
O facão utilizado no crime foi apreendido
dentro da residência. A professora foi atingida por perfurações no pescoço,
abdômen, tórax, braços e nas costas, e morreu ainda no local.