Profissionais da enfermagem no Piauí realizaram protestos, nesta
sexta-feira, 9, contra a suspensão da lei que instituiu o piso salarial da
categoria. O g1 apurou que há manifestações em Teresina, Parnaíba, Picos e
Floriano. Nesta sexta, o Supremo Tribunal Federal analisa se mantém a lei sem
efeitos até a análise dos impactos da medida.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal começaram a julgar
nesta sexta, no plenário virtual, a ação da Confederação Nacional de Saúde,
Hospitais e Estabelecimentos de Serviços (CNSaúde), que contestou a validade da
lei.
Para a confederação, a fixação de um salário-base para a
categoria terá impactos nas contas de unidades de saúde particulares pelo país
e nas contas públicas de estados e municípios.
Teresina
Em Teresina, houve dois atos da categoria. Uma delas, uma
paralisação de profissionais diante do Hospital de Urgência de Teresina (HUT),
Zona Sul da capital.
Na Zona Norte, enfermeiros, técnicos e
auxiliares se reuniram a partir das 8h diante da Assembleia Legislativa do
Piauí (Alepi) vestindo branco, com faixas e cartazes pedindo a valorização do
profissional da enfermagem.
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros e Técnicos de
Enfermagem do Piauí (Senatepi), Erick Ricelly, destacou que a manifestação
busca garantir um direito e a valorização da categoria.
"Somos a categoria que mais sofreu, que mais faleceu
[durante a pandemia]. E não queremos nada além do razoável, só repondo o que a
categoria perdeu com a reforma trabalhista. E não é um salário tão alto",
comentou
Na manifestação, os trabalhadores seguiram pela Avenida Marechal
Castelo Branco por volta das 9h30 e fizeram caminhada até a cabeceira da ponte
Juscelino Kubitschek, primeiro no sentido Centro-Leste e em seguida também no
sentido Leste-Centro, bloqueando o trânsito na ponte para chamar atenção da
população.
Por volta de 10h, o trânsito foi totalmente liberado e a
categoria permaneceu em manifestação sob a ponte Juscelino Kubitschek, sem
interdições.
Floriano
Em Floriano, 270 km ao Sul de Teresina, trabalhadores dos
setores público e privado também se manifestaram pela ruas da cidade.
Picos
Em Picos, 270 km ao Sul de Teresina, os profissionais caminharam
até canteiro central da BR-316, na entrada da cidade, após concentração no
Hospital Regional Justino Luz. Os trabalhadores atuam tanto no setor público
quanto privado.
Tânia Luz, enfermeira, disse que a categoria está reunida para
mostrar a necessidade de valorização da enfermagem.
"[O piso] foi uma luta de décadas que havíamos conseguido e
ele suspendeu. Nós precisamos nos manifestar, mostrar o valor da enfermagem,
não ganharemos muito, ganharemos o justo. A enfermagem é quem cuida de todos
diuturnamente, a recuperação do paciente depende da enfermagem", disse.
Parnaíba
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Em Parnaíba, a manifestação aconteceu na rotatória das avenidas São Sebastião e Pinheiro Machado — Foto: Tiago Mendes/TV Clube |
Em Parnaíba, a manifestação aconteceu na rotatória das avenidas
São Sebastião e Pinheiro Machado, o ponto de maior movimentação no trânsito da
cidade, ponto estratégico pra chamar atenção da população.
Histórico
A lei aprovada pelo Congresso fixou o piso em R$ 4.750, para os
setores público e privado. O valor ainda serve de referência para o cálculo do
mínimo salarial de técnicos de enfermagem (70%), auxiliares de enfermagem (50%)
e parteiras (50%).
Conforme o Dieese, o incremento financeiro necessário ao
cumprimento dos pisos será de R$ 4,4 bilhões ao ano para os Municípios, de R$
1,3 bilhões ao ano para os Estados e de R$ 53 milhões ao ano para a União.
Já a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e
Entidades Filantrópicas (CMB) indicou incremento de R$ 6,3 bilhões ao ano. Foi
apontada uma possibilidade de demissão de 80 mil profissionais de enfermagem e
fechamento de 20 mil leitos.
Conselho reagiu à suspensão
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) do
Piauí, Antônio Luz Neto, contou que o Conselho recebeu informações sobre a
demissão de profissionais após a sanção da nova lei. Luz ainda classificou como
infeliz a decisão do ministro.
“Nós recebemos algumas informações de demissões,
mas ainda não temos como precisar a quantidade no setor privado nesse momento”,
informou o presidente. Informações G1 Piauí