O programa "Bom Dia Meio Norte" obteve com
exclusividade o depoimento de um sobrevivente do ataque a tiros que resultou na
morte de três pessoas e dois feridos no bairro Planalto Montserrat, em
Parnaíba, litoral do Piauí, em 14 de setembro deste ano. Até o momento, nenhum
suspeito foi detido.
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Veículo crivado de balas e corpos na rua no dia da tragédia |
Uma das vítimas, cuja identidade será mantida em sigilo, foi
baleada com dois tiros e detalhou como conseguiu escapar dos criminosos que
tiraram a vida de Joaquim Severiano da Silva Filho, 47, (pai do
sobrevivente), Antônio dos Santos Sousa, 38, e Leandro dos Santos
Oliveira, 38.
Em seu depoimento, ele descreveu que o dia do ataque não diferia
das rotinas anteriores, com a mesma equipe de trabalho, no mesmo veículo e no
mesmo trajeto, com cinco pessoas no carro. A única diferença foi o local de
partida, e uma preocupação relacionada ao atraso e ao prazo de entrega de um
trabalho.
"Naquele dia, assim como em todos os outros, fomos buscar o
Antônio no mesmo carro, com as mesmas pessoas, no mesmo trajeto. A única
diferença foi o local de partida. Quando pegamos o Antônio, tivemos receio de
que o carro atolasse, pois já estávamos atrasados. Eram cerca de 6h40, mais ou
menos, e não queríamos perder tempo, pois o prazo de entrega era até o sábado
passado."
O ataque ocorreu quando um grupo de pelo menos 7 homens armados
abordou os trabalhadores próximo a um terreno abandonado. Os criminosos estavam
mascarados, usando blusas de manga comprida na cor preta, contou a vítima.
"Eu estava no banco do passageiro da frente, com a cabeça
baixa. Só ouvi meu pai e meu tio gritando: 'O que é isso? O que está
acontecendo?' Levantei a cabeça e vi cerca de seis a sete homens ao lado de um
terreno abandonado, todos armados, usando camisas pretas de manga longa e
máscaras padrão. Não consegui ver o rosto de nenhum deles. Quando levantei a
cabeça, eles começaram a disparar. Eu só lembro dos dois primeiros tiros, pois
me abaixei para o lado esquerdo e me inclinei sobre o banco do motorista, onde
estavam as pernas do meu pai naquele momento."
O ataque resultou na morte das três vítimas, que foram deixadas
no local após o ocorrido. O sobrevivente destacou que, apesar dos ferimentos,
ninguém foi retirado do veículo pelos agressores.
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Sobrevivente do ataque |
"Eles dispararam vários tiros, principalmente na frente,
acredito que contra o motorista, mas não tenho certeza. Depois, cercaram o
carro. Não consegui ver se havia alguém atrás de nós, mas ao redor do carro,
dispararam várias vezes. Só ouvia meu pai pedindo ajuda, dizendo algo como
'Pelo amor de Deus, socorro! Não somos eles!' Até que ele abriu a porta e
tentou correr, mas mal deu dois passos antes de ser atingido", relatou o
sobrevivente.
Ele continuou explicando como fingiu estar morto para escapar do
ataque. Após seu pai sair do carro, os criminosos entraram no veículo, mas o
sobrevivente fingiu que estava morto, enquanto seu tio também simulava o mesmo
estado. Os agressores acabaram deixando o local.
"Dois deles entraram, um pelo meu lado e outro pelo lado do
meu pai. O que estava ao lado do meu pai mexeu nas coisas que estavam nas
minhas pernas e me virou para cima. Continuei fingindo estar morto. Eles
disseram algo como 'Não é ele, ele não está aqui.' O que estava mexendo nas
minhas pernas era, na verdade, minhas roupas”, contou.
O crime
Três pessoas foram assassinadas a tiros e outras duas foram
baleadas no dia 14 de setembro em Parnaíba, no Norte do Piauí. As vítimas são
todos homens, e trabalhadores do setor de construção civil.
Segundo a Polícia Militar, uma das vítimas buscava as outras
quatro diariamente em casa para ir todos para o trabalho, na construção civil.
O ponto onde o crime aconteceu era onde o último deles pegava a carona.
Na manhã de quinta, 14, ao buscar o último, dois homens armados
saíram da mata e os abordaram. Três deles saíram do carro, na tentativa de
fugir, e foram mortos. Os dois sobreviventes foram baleados dentro do carro.
Três
das vítimas foram encontradas mortas na rua. Outras duas sobreviveram, e uma
delas conseguiu dirigir o veículo até o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde
(Heda), onde receberam atendimento. Informações Meio Norte