Um policial militar do Piauí está sendo investigado sob suspeita de aplicar golpes em colegas de trabalho e seus familiares, com prejuízos estimados em mais de R$ 2 milhões. O militar teria se passado por representante de uma empresa de investimentos, captando altos valores de vítimas sob a promessa de rendimentos expressivos.
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Quartel do Comando Geral da PMPI em Teresina/Reprodução |
A Corregedoria da Polícia Militar informou que há dois procedimentos administrativos em andamento para apurar as acusações e que o policial foi afastado das suas funções. (Confira a nota ao final da matéria).
Já o militar afirmou que está em contato constante com as vítimas, que houve um atraso do banco vinculado aos investimentos e que fez transferências de valores para garantir o serviço prestado.
"Estou em contato constante com as supostas vítimas mencionadas na matéria e tenho o comprovante de pagamento dos rendimentos e dos acordos firmados. A situação do atraso ocorreu em virtude de um compliance do banco ao qual o investimento está vinculado. Durante esse período de inatividade do serviço prestado, foram enviados valores com o intuito de garantir a responsabilidade pelo serviço. Estou à disposição para dar continuidade ao cumprimento dos acordos firmados entre as partes e o valor não é de 2 milhões de reais, como foi informado na matéria," disse.
De acordo com as vítimas, o policial agia como trader, enviando extratos com supostos lucros e realizando algumas transferências iniciais para ganhar a confiança dos investidores. No entanto, segundo as denúncias, após as primeiras operações, os pagamentos cessaram e as promessas de altos rendimentos não foram cumpridas.
O trader é um profissional que compra e vende ativos financeiros, como ações, moedas, commodities, ou derivativos, com o objetivo de lucrar com as variações de preço no mercado.
“Um dia ele falou sobre investimentos, disse que trabalhava com um banco de investimentos e que, para qualquer valor investido, haveria um retorno de 1 a 2%. Inicialmente, fiz um investimento de um valor X, que foi crescendo até atingir R$ 246 mil. Minha mãe também investiu, assim como meu irmão. Durante quase dois meses, recebi o dinheiro conforme ele prometeu, seja semanalmente ou mensalmente. Porém, em uma sexta-feira, ele não fez o pagamento. A partir daí, começou a mentir, dizendo que o problema era do banco, que a Polícia Federal havia bloqueado a conta-corrente, ou que o próprio banco de investimentos havia retido seu saldo,” contou uma das vítimas, que também é policial militar e preferiu não se identificar.
As vítimas relataram ainda que, ao verificar o extrato bancário com a instituição indicada pelo suspeito, foram informadas de que o documento era falso. “Ao entrar em contato com um amigo em comum, descobri que ele também havia caído no suposto golpe. Ele nos enviou um extrato e, ao encaminharmos esse documento ao banco de investimentos, fomos informados de que o extrato era falso. O banco confirmou que ele realmente possuía uma conta na instituição, mas o extrato não correspondia ao saldo nem a qualquer valor que ele possuía lá", complementou a vítima.
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Prints da conversa entre a vítima e a empresa de investimentos citada pelo suspeito/Fotos enviadas para TV Cidades Verde |
O valor total do prejuízo estimado pelas vítimas ultrapassa R$ 2 milhões. “Ele nos incentivava diariamente a participar do esquema de investimentos e até afirmou que abriria uma empresa de investimentos, querendo que contribuíssemos com capital,” revelou a esposa de outra vítima, também policial militar.
As denúncias foram registradas na Polícia Civil, e o caso está sob investigação. A Corregedoria da Polícia Militar informou que há dois procedimentos administrativos em andamento para apurar as acusações. A corporação afirmou que o policial foi afastado de suas funções até a conclusão das investigações.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Polícia Militar do Piauí informa que está tomando todas as providências necessárias no caso de um policial militar acusado de aplicar golpes financeiros contra colegas de farda e outros membros da sociedade civil.
A PMPI já instaurou inquérito para apurar os fatos, bem como já afastou o policial até o término das investigações.
Reiteramos o nosso compromisso com a transparência e a integridade. Asseguramos que todas as medidas legais estão sendo adotadas para garantir a justiça.
Teresina, 29 de outubro de 2024.
A reportagem apurou que o policial participou de uma audiência no 24º Distrito Policial, onde firmou um acordo para ressarcir uma das vítimas. A delegacia acompanhará o cumprimento do acordo e, caso ele seja descumprido, poderá instaurar um inquérito para investigar o crime de estelionato. Informações Cidadeverde.com