Uma disputa judicial pela guarda de uma criança de cinco anos ganhou contornos de caso policial e passou a ser investigada após denúncias reveladas pelo programa Fantástico. A mãe, a servidora pública federal Ana Beatriz Sampaio, que mora em Teresina, acusa o ex-marido, o português José Alberto Mendes Sampaio, de retirar o filho do Brasil de forma clandestina, utilizando voos irregulares e documentos falsos.
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| Ana Beatriz Sampaio, que mora em Teresina e o ex-marido, o português José Alberto Mendes Sampaio/Reprodução |
De acordo com a reportagem, a criança foi levada para fora do país no início de julho, período em que estaria passando férias com o pai, conforme acordo entre as partes. Dias depois, Ana Beatriz recebeu a informação de que o filho já se encontrava em Portugal. Diante da situação, ela procurou a Polícia Federal e registrou boletim de ocorrência por sequestro internacional.
“Ele não tá fazendo mal pra mim. Ele tá fazendo mal pro filho dele”, declarou a mãe durante a reportagem exibida em rede nacional.
As apurações apontam que a saída do Brasil ocorreu sem qualquer registro oficial. Mesmo com os passaportes brasileiro e português da criança retidos por decisão judicial, o grupo conseguiu deixar o país. O trajeto começou no Piauí, onde a criança, o pai, a avó paterna e outras pessoas embarcaram em um avião em um aeródromo particular na cidade de Altos. A aeronave, segundo a investigação, não tinha autorização para operar como táxi aéreo.
O percurso seguiu em etapas, passando por Paragominas, no Pará, e depois por Oiapoque, no Amapá, antes da chegada à Europa. Pilotos ouvidos pela reportagem relataram que documentos falsos teriam sido apresentados para viabilizar os embarques. Dois dias após a saída do Brasil, o Fantástico confirmou que a criança já estava na casa do pai, em Viana do Castelo, em Portugal.
O ex-marido de Ana Beatriz não concedeu entrevista. Procurados, os advogados dele no Brasil afirmaram que a mãe teria sido responsável por um sequestro anterior e informaram que o pai responderá ao processo judicial. A mãe nega qualquer irregularidade, diz que sempre cumpriu decisões judiciais e afirma que, desde a ida do filho para Portugal, teve o contato dificultado. Segundo ela, só conseguiu reencontrar a criança cinco meses depois, em uma visita supervisionada.
A disputa segue em andamento nos dois países. No Brasil, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidiu que a residência habitual da criança é em Portugal, onde deve tramitar o processo de guarda. A defesa da mãe informou que irá recorrer da decisão. Já em Portugal, a Justiça concedeu guarda unilateral provisória ao pai.
Enquanto os processos avançam, o caso chama atenção para possíveis falhas na fiscalização de voos particulares e na proteção de crianças envolvidas em disputas internacionais, deixando um menino no centro de uma complexa batalha judicial entre dois países. Com informações do Portal Conecta Piauí






























