Edição Parnaíbapontocom
O animal
conhecido popularmente como tubarão-boca-grande, de nome científico, Megachasma
pelagios, foi encontrado boiando por
pescadores que trabalhavam na região e trazido para a margem na tarde da última
segunda-feira, 10, em Parnaíba.
Segundo Geórgia Aragão, doutoranda em Sistemas Costeiros e
Oceânicos, esta é a primeira vez que é registrada a
aparição desta espécie no Piauí. No mundo inteiro, pouquíssimos animais já
foram vistos. "Para se ter uma ideia da raridade deste animal, em 2016
houveram somente 68 registros de captura e avistagem em todo o mundo",
pontua a pesquisadora.
A aparição do animal acende um sinal de alerta para o
possível desequilíbrio ambiental na região. "Há várias hipóteses que
precisam ser analisadas, mas trata-se de um animal raríssimo, e de
profundidade. Sua morte pode ser algo relacionado a interação pesqueira ou
mesmo a uma patologia do animal", explica a especialista.
O tubarão-boca-grande é um filtrador assim como o tubarão
baleia e não possui dentes como outros grandes tubarões. Ele se alimenta de
planctons e medusas e nada sempre com a boca aberta. O animal encontrado no
litoral tinha marcas de mordida de tubarão chaturo e parecia fresco, levando a
crer que sua morte era recente.
"O animal foi pego, tiraram fotos, mediram e dividiram
entre os pescadores. Não há barreiras para a pesca da espécie, mas preocupa os
pesquisadores por ser rara e um importante objeto de pesquisa", lamenta
Geórgia.
A pesquisadora alerta ainda para a hipótese do animal ter
sido capturado através da pesca de arrasto de fundo ou com uso de espinheis em
águas oceânicas, mas não foram encontradas marcas no animal. O Ibama, a
Capitania dos Portos e a Polícia Federal, fiscalizam a pesca no litoral do
Piauí.
Podendo atingir 5 metros de comprimento, o
tubarão-boca-grande vive nas profundezas do oceano e raramente é visto ou
filmado por humanos. Pouco se sabe sobre a espécie, descoberta somente em 1976
- quando um tubarão-boca-grande foi acidentalmente arrastado por um navio de
pesquisa perto da costa do Havaí.
Desde então, apenas algumas dezenas de tubarões do tipo
foram avistados pelo mundo. Eles nadam com suas enormes bocas abertas, em busca
de plâncton e águas-vivas.
Em maio de 2017, mais um espécime foi visto no oceano
Pacífico, desta vez por pescadores perto da costa de Tóquio, no Japão. Acredita-se
que a fêmea tenha subido à superfície para se alimentar. Ela foi encontrada
viva em uma rede de pesca, mas não sobreviveu.
Cidadeverde.com