A mãe da menina de 11 anos
que ficou grávida pela segunda vez após ser estuprada esteve na
sede da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) na manhã desta
terça-feira (13). Ela denuncia que um tio da criança seria o autor dos abusos,
que seriam cometidos desde que a vítima tinha oito anos.
A
dona de casa, de 29 anos, suspeita que o homem também foi o autor do estupro
que resultou na primeira gestação da filha e disse que vai pedir um exame de
DNA.
A
mãe da criança grávida conversou com o Cidadeverde.com e
informou que a filha frequentava a casa da avó paterna e dormia no mesmo cômodo
que o tio suspeito, de aproximadamente 30 anos.
“Eu
fiquei sabendo que o tio violentava ela desde os oito anos de idade dentro da
casa da mãe dele [do pai], na frente dele, na frente da irmã dele e eles não
fizeram nada”, lamentou a mãe.
A
mãe defende ainda que a criança vá para um abrigo e não fique aos cuidados do
pai. Ela diz ser contra a interrupção da gravidez e defende que, como na
primeira gestação, a menina tenha o filho.
“Não
aceitei ela abortar porque eu sei que aborto é crime. Ela disse pra mim que não
queria abortar de jeito nenhum. Já para as conselheiras falou outra coisa. Hoje
de manhã já fiquei sabendo que o pai dela consentiu o aborto da criança”, criticou
a mãe.
O
caso da garota se enquadra em um dos três no Brasil onde o aborto é considerado
legal. São eles: gravidez de risco à vida da gestante, gravidez resultante
de violência sexual e anencefalia fetal
A dona de casa disse ainda
que o sentimento ao descobrir a segunda gravidez da filha foi de revolta. Apesar
disso, ela diz que já desconfiava da gestação, devido ao comportamento da
menina nas últimas semanas.
“Em junho cheguei a fazer
um teste de gravidez de farmácia porque desconfiava do comportamento dela. Só
que naquela época o teste deu negativo”, acrescentou Ana Caroline.
A delegada Lucivânia
Vidal, titular da DPCA, disse que após o primeiro estupro, em 2021, a criança
continuou em uma situação de vulnerabilidade.
"Existem acusados. Ela
falou. Vou ouvir familiares, vizinhos, todos mundo que tinha o contato com ela
para ver realmente que são os acusados para eu chegar realmente a autoria do
estupro”, frisou a delegada.
Ainda de acordo com a
delegada, os acusados são pessoas do convívio da criança e não somente da
família.
O caso
A segunda gestação da
menina de 11 anos foi confirmada na última sexta-feira, após exames realizados
no Serviço de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência (Samvis), da
Maternidade Dona Evangelina Rosa.
A criança, que está com
três meses de gestação, precisou deixar o abrigo onde estava vivendo nos
últimos meses e retornou para os cuidados do pai.
Na tarde de ontem, a juíza
da 2ª Vara da Infância e Juventude, Maria Luiza de Moura Mello, após reunião
com as conselheiras tutelares da zona Sudeste de Teresina, autorizou que a
criança seja encaminhada para um novo abrigo, com as condições adequadas para
recebê-la.
1ª gestação
A menina tinha 10 anos
quando engravidou após ser estuprada, em janeiro de 2021.
Ela prosseguiu com a
gestação e deu à luz em setembro do mesmo ano. A mãe não autorizou o aborto da
filha e disse que o médico afirmara que a menina apontara risco de morte no
procedimento.
A
lei brasileira permite o aborto nos casos de estupro e risco de morte para a
gestante, e uma decisão da Justiça estendeu o aval para casos de anencefalia do
feto. Informações Cidadeverde.com