O encanto do bom futebol na estreia de Fernando Diniz em Belém
contra a frágil Bolívia foi quebrado, mas não ao ponto de evitar a segunda
vitória do Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Depois de
dois gols anulados pelo VAR no primeiro tempo, uma cobrança de escanteio na
cabeça de Marquinhos decretou a vitória por 1 x 0 no Estádio Nacional de Lima
nesta terça-feira, 12.
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Neymar cobrou escanteio e encontrou o zagueiro Marquinhos para finalmente o Brasil balançar a rede |
Desmantelado, principalmente na etapa final, o Brasil mantém a
liderança do processo seletivo com seis pontos e 100% de aproveitamento. A
Seleção supera a Argentina nos critérios de desempate. Em outubro, o time
voltará a campo contra a Venezuela, na Arena Pantanal, em Cuiabá; e no clássico
contra o Uruguai, no Estádio Nacional, em Montevidéu.
O primeiro tempo, em Lima, deu um choque de realidade na
Seleção. O Peru se classificou para a Copa do Mundo em 2018. Alcançou a
repescagem internacional nas Eliminatórias para 2022. Terminou as últimas duas
edições da Copa América entre as quatro melhores. Como se não bastasse o
retrospecto, havia o peso da empolgada torcida no Estádio Nacional. Logo, se
alguém indicou facilidade na segunda partida, enganou-se.
A marcação do Peru tirou o Brasil da zona de conforto da goleada
por 5 x 1 contra a Bolívia, em La Paz. Exigiu paciência e repertório. Aos
poucos, o time verde-amarelo foi se impondo e silenciando vozes em Lima.
Raphinha abriu o placar, porém estava impedido. Richarlison achou que tivesse
desencantado depois das lágrimas em Belém ao ser substituído, mas também teve o
gol anulado depois de impressionantes 6m40s de checagem do VAR.
A imposição do Brasil continuou com uma finalização em chute
cruzado de Neymar depois de um belo passe de Rodrygo. Gallese desviou a bola
com a mão direita e salvou o Peru. Os donos da casa não fizeram Ederson sujar a
roupa nem mesmo quando Casemiro errou passe no início da etapa inicial e armou
um inofensivo contra-ataque peruano.
Na saída para o intervalo, Fernando Diniz agiu como no
Fluminense. Partiu para cima da arbitragem para reclamar do tempo de acréscimo:
sete minutos. Esse foi o tempo de paralisação apenas para a checagem do gol
anulado de Richarlison. A turma do deixa disso afastou o treinador de lá e os
auxiliares assumiram o papel de questionamento.
Depois de um primeiro tempo abaixo do nível apresentado em
Belém, mas satisfatório, o Brasil se desencontrou na etapa final. A falta de
entrosamento e a desconexão com as ideias de Fernando Diniz em 10 dias de
trabalho ficaram claras. O cansaço também. A exibição em Belém havia sido sob
forte calor e umidade alta no Mangueirão.
Diniz trocou o centroavante Richarlison por Gabriel Jesus. A
essa altura do jogo, o talento individual e a associação entre jogadores
começavam a pesar mais do que qualquer truque do dinizismo. A Seleção demorou
26 minutos para finalizar pela primeira vez na etapa final. Depois de uma trama
iniciada por Neymar e Rodrygo, Raphinha chutou forte e o goleiro Gallese entrou
novamente em cena para evitar o gol canarinho. Gabriel Jesus ainda tentou em
outra ação ofensiva, mas não teve êxito.
Uma dos truques mais ensaiados por Fernando Diniz em Belém e em
Lima funcionou no fim da partida. Neymar cobrou escanteio e encontrou o
zagueiro Marquinhos para finalmente o Brasil balançar a rede sem a
interferência do VAR. O lance decisivo lembrou as velhas tramas entre Neymar e
Marquinhos na parceria pelo Paris Saint-Germain.
FICHA TÉCNICA
0 PERU (4-3-3)
Gallese; Corzo, Abram, Marcos López e Trauco (Valera); Cartagena (Jesus Castilo), Tapia e Yotún; Polo (Grimaldo), Guerrero e Carrillo (Ruidiaz)
Técnico: Juan Reynoso
1 BRASIL (4-2-3-1)
Ederson; Danilo (Vanderlson), Marquinhos, Gabriel Magalhães e Renan Lodi; Casemiro e Bruno Guimarães (Joelinton); Raphinha (Gabriel Martinelli), Neymar (Raphael Veiga) e Rodrygo; Richarlison (Gabriel Jesus)
Técnico: Fernando Diniz
Gol: Marquinhos
Cartões amarelos: Tapia, Cartagena, Marcos López (Peru) |
Raphinha, Bruno Guimarães (Brasil)
Público e renda: não divulgados
Árbitro: Fernando Rapallini (Argentina)