Uma mulher identificada como Vitória de Oliveira Marinho utilizou a carteira de uma advogada que atua no Piauí para visitar o namorado, o traficante Vagner da Silva Carvalho em uma unidade penal do Piauí. O crime motivou a segunda fase da Operação Fragmentados, deflagrada hoje, 22, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que acabou com a prisão de um advogado. A investigação apontou que a mulher visitou o namorado no período de março a agosto de 2024, quando foi presa na primeira fase da Operação Fragmentados.
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Delegado Luciano Alcântara e o promotor Cláudio Soeiro/Reprodução Renato Andrade |
Vagner foi preso em março de 2024 em uma blitz em Teresina, com ele foi encontrada uma arma de fogo, o que resultou na sua prisão em flagrante. Uma investigação preliminar apontou que Vagner já tinha sido preso em março de 2023, quando estava utilizando outro nome. Durante a audiência de custódia, o juiz plantonista determinou sua prisão preventiva e a quebra de sigilo do seu celular. O que a polícia encontrou no aparelho ajudou a desbaratar uma rede criminosa que atuava no tráfico de drogas e armas, nos estados do Amazonas, Maranhão e Piauí.
A investigação do Gaeco apontou que Vagner possuia quatro identidades falsas e, que havia conseguido emitir uma carteira de motorista e um título de eleitor com uma de suas identidades falsas. Vagner é o elo entre um grupo criminoso denominado "Família do Norte" e o Piauí. A operação criminosa, liderada por ele, distribuia droga do estado do Amazonas para o Piauí e o Maranhão. Segundo a polícia, parte da droga vinha de outros países da América do Sul.
Após a prisão de Vagner, a namorada Vitória passou a comandar a organização criminosa no Piauí, e para trocar informações com o traficante ela fez uso da carteira de uma advogada que atua no Piauí para entrar no sistema prisional do estado. Segundo o delegado, Luciano Alcântara, a investigação apontou que muitas pessoas estão envolvidas nesse crime e, que cada um dos envolvidos responderá pelo crime praticado. A polícia apura como a suspeita conseguiu a carteira da advogada.
"Ainda vamos aprofundar essa investigação, mas o que podemos dizer é que quem planejou, quem emprestou e quem utilizou o documento falso vai responder pelos crimes praticados", afirmou.
Durante os três anos que atuou no Piauí, Vagner movimentou altas somas de dinheiro. De 2022 a 2024 ele movimentou quase 2 milhões de reais, entre entradas e saídas de dinheiro do esquema criminoso.
Segundo a investigação, Vitória e um homem identificado como Victor, preso hoje, eram responsáveis por movimentar o dinheiro do grupo em contas de laranjas, para camuflar a origem criminosa do dinheiro. Os dois utilizavam as contas de pessoas próximas para simular compras e transferências e fazer o dinheiro circular.
Agora a investigação segue para sua fase final. O delegado Luciano Alcântara acredita que até o final da semana a investigação esteja concluída e remetida ao poder judiciário. O grupo vai responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, comércio ilegal de arma de fogo, lavagem de capitais e falsa identidade.
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Divulgação/GAECO |
Advogado facilitou troca de informações entre detento e grupo criminoso
Para o promotor Cláudio Soeiro, que conduz a investigação, o advogado preso hoje utilizou as suas prerrogativas para facilitar a comunicação entre o traficante e o seu grupo criminoso, fora dos muros do presídio.
Durante a investigação foram encontrados áudios de Vagner gravados dentro da penitenciária. Esses áudios eram endereçados a sua namorada, Vitória, e a outros membros da sua organização criminosa.
Até o momento não existem indícios de que Vagner tenha utilizado o celular de seu advogado para ligar para seu cúmplices, mas existem provas que sustentam que áudios gravados dentro da prisão foram recebidos por pessoas que estavam em liberdade.
Além do advogado, a operação de hoje mirou um homem identificado como Vitor, que seria responsável por movimentar o dinheiro do grupo. Vitor atuaria ao lado de Vitória movimentando o dinheiro do grupo em contas de laranja para camuflar a origem do dinheiro.
O terceiro alvo da operação de hoje é o homem que ficou responsável pela guarda do entorpecente de propriedade de Vagner quando ele foi preso, em março. O homem não foi encontrado em seu endereço, mas no imóvel havia uma quantidade de droga e duas mulheres, sendo uma, a mãe do suspeito. Ambas foram presas em flagrante pela posse do entorpecente. As duas mulheres foram encaminhadas à Central de Flagrantes de Teresina, onde devem ficar até a audiência de custódia.
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Reprodução |
Mulas que transportavam droga para o Piauí foram identificadas
A investigação identificou as pessoas que atuaram como mulas no transporte da droga da região Norte do país, para o Piauí. Como a droga foi interceptada antes de entrar no estado, essas pessoas devem responder pelos crimes nos estados onde a prática se deu.
"Nós identificamos as pessoas que estavam transportando a droga para o Piauí, mas conseguimos interceptar o entorpecente antes das nossas fronteiras. O material que reunimos contra elas foi encaminhada à polícia civil desses estados para que os processos sejam instaurados", explicou o promotor Claudio Soeiro. Informações Cidadeverde.com