quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Operação que investiga lavagem de dinheiro e tráfico prende empresários e fecha mais de 10 empresas no Piauí

Três pessoas foram presas na manhã desta quarta-feira, 3, durante a 3ª fase da Operação Barão Vermelho, realizada pelo Ministério Público do Maranhão com apoio de órgãos de segurança do Piauí e da Paraíba. Entre os presos estão empresários e laranjas ligados ao grupo investigado.

Operação Barão Vermelho durante mandado de busca em distribuidora de medicamentos em Teresina/Reprodução GAECO

Além das prisões, mais de dez empresas tiveram as atividades suspensas, sendo uma loja de acessórios e uma distribuidora de medicamentos localizadas em Teresina. A Justiça também determinou o bloqueio de bens dos investigados, como imóveis, veículos, embarcações e aeronaves.

Coletiva de imprensa com o GAECO/Saymon Lima

COMO ATUAVAM

Segundo o GAECO, a organização criminosa atua no tráfico de drogas, falsificação de documentos de veículos, receptação de cargas e ouro de origem ilícita, além de agiotagem. As investigações apontam ainda para um esquema "sofisticado" de lavagem de dinheiro, com movimentações financeiras milionárias e saques em valores elevados.

"Desde a 1ª Fase da operação, deflagrada ainda no ano de 2023, o GAECO se deparou com uma Orcrim bem estruturada e com ações sofisticadas, principalmente no que tange ao esquema de lavagem de capitais. As ações delituosas incluem pessoas físicas e jurídicas que movimentaram quantias vultosas entre si, havendo ainda a ocorrência de saques bancários de quantias elevadas, situações que chamaram a atenção das autoridades", diz a nota do GAECO.

Nesta fase, foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão, 4 de prisão e 3 de interdição de empresas. Ao todo, 190 agentes participaram da operação.

Segundo o promotor Francisco Fernando, integrante do GAECO, a operação é fruto de investigações iniciadas em 2021, que identificaram um esquema complexo de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, agiotagem e receptação de produtos desviados ou roubados:

“Em 2021 houve um aprofundamento das investigações contra a organização criminosa, que atuou com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, outras empresas também. Depois disso, dentro dessa investigação, aprofundaram-se as diligências.”

Fernando destacou que a operação é uma ramificação de um esquema maior e que cada fase trouxe novos elementos sobre o funcionamento da organização: “Só esta ramificação já é bastante significativa, tem a grande vargadura, e ela ensejou a operação primeiro para o vermelho, a 1, a 2, e hoje está sendo até flagrada a terceira fase da operação para o vermelho.”

O promotor explicou ainda como as empresas investigadas eram usadas para ocultar recursos ilícitos e criar a aparência de legalidade. “É como se eles fossem os mediadores. Muitos casos acontecem com empresas que têm interpostas as pessoas à sua frente, mas essas pessoas na realidade não admitem nada, não pisam lá, não vão lá. Mas há outras pessoas que realmente mandam e fazem a lavagem, recebem produtos ilegais e jogam o dinheiro dentro das pessoas jurídicas, apresentando para a sociedade a ideia de fachada.”

O promotor Rafael Bruno Aragão, também do GAECO, detalhou a dimensão da operação e os efeitos das decisões judiciais.

“Com esses quatro mandados de prisão preventiva, mandados de busca e apreensão, importante destacar também que a decisão do Tribunal de Justiça se determinou o bloqueio de bens móveis e imóveis. Valores em contas, bens de avaliação, apreensão de lojas e empresas… tudo para dar seguimento às ações penais cabíveis.”

Segundo Rafael, os bloqueios e apreensões têm como objetivo evitar que o grupo continue operando e ocultando patrimônio ilícito, fortalecendo a investigação e preparando o caminho para futuras ações penais.

A promotora Lenara Porto, coordenadora do GAECO no Piauí, ressaltou a importância da cooperação interestadual e alertou que novas prisões podem ocorrer conforme o desenrolar da investigação. “Sim, é possível haver mais prisões ou outras interdições de lojas e empresas ligadas mesmo. Mesmo esquema criminoso. Agora, a partir desse material que foi apreendido, a investigação pelo Maranhão vai ser robustecida e, dependendo do que se encontrou, é possível que se chegue a outros ramos.”

A operação envolveu 190 agentes, incluindo policiais civis e militares, e contou com o apoio dos núcleos do GAECO em São Luís, Imperatriz e Timon, além das unidades do Piauí e Paraíba. Especialistas do Ministério Público destacam que o esquema investigado evidencia a sofisticada forma de atuação das organizações criminosas no Nordeste, usando empresas de fachada e movimentações financeiras complexas para lavar dinheiro e dificultar a atuação da Justiça. Com informações do Portal Meionews

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