Editado por ParnaibapontoCom |
O juiz Marco Couto, titular da 1ª Vara Criminal Regional de
Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, aceitou, na sexta-feira (17), denúncia
oferecida pelo Ministério Público contra Rodrigo Fernandes das Dores de Souza,
irmão do goleiro Bruno, e Anderson Rocha da Silva, o Russo, pela participação
no sequestro da modelo Eliza Samudio, em 2009.
A informação foi divulgada pelo TJ-RJ nesta segunda. A
investigação, na época, concluiu que eram quatro homens que ocupavam o carro
que transportou Eliza durante o sequestro, mas somente Bruno e Luiz Henrique
Ferreira Romão, o Macarrão, haviam sido identificados.
Segundo o TJ-RJ, as investigações concluíram que no momento
em que Bruno ameaçava e obrigava Eliza a entrar em seu carro, Rodrigo
encontrava-se no interior do veículo, escondido, deitado no banco traseiro.
Logo em seguida, Russo e Macarrão surgiram e também entraram no automóvel.
A polícia também concluiu que Eliza foi levada ao
apartamento de Bruno, quando foi obrigada a tomar medicamentos abortivos, pois
se encontrava no 5º mês de gravidez. Segundo as investigações, os acusados
ameaçavam a modelo para que ela concordasse com o aborto.
Para não interferir na tramitação do processo, em razão de
não terem sido identificados todos os participantes do sequestro, a Justiça
decidiu pelo desmembramento das investigações, o que possibilitou o julgamento
de Bruno e Macarrão separadamente.
O Ministério Público chegou a solicitar arquivamento do
inquérito relativo a Anderson e Russo, porém, o juiz Marco Couto entendeu que
havia provas suficientes para o prosseguimento das investigações e
identificação dos demais sequestradores.
O goleiro Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de
prisão pelo homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado de
Eliza, com quem teve um filho. Depois de seis anos preso, conseguiu no STF um
habeas corpus e no dia 24 de fevereiro deixou a cadeia na Região Metropolitana
de Belo Horizonte. Depois da soltura, Bruno foi contratado pelo Boa Esporte
Clube, de Minas Gerais.
Irmão do goleiro foi ouvido em Teresina por meio de carta
precatória
Recolhido na casa de detenção em Altos, pelo crime de
estupro, Rodrigo Fernandes, irmão do goleiro Bruno Fernandes de Souza, depôs à
Justiça do Rio por meio de carta precatória, e afirmou que contaria tudo sobre
o sequestro de Eliza, desde que fosse incluído no Programa Governamental de
Proteção à Testemunha.
Rodrigo confessou que estava presente quando a vítima foi
sequestrada para que fizesse um aborto. Ele estava no banco de trás de um carro
quando ela foi pega na casa de uma amiga, em 2009, para ser obrigada a
interromper a gravidez.
"Ela foi pega na casa de uma amiga dela e levada a um
apartamento. Lá deram uma bebida forte e um medicamento. Ela disse que aceitava
fazer o aborto com a presença de uma médica, porém ela saiu e, na verdade, foi
a uma delegacia de Jacarepaguá onde denunciou tudo o que aconteceu. Ela namorava
há muito tempo com o Bruno”, declarou à TV Cidade Verde.
Eliza ganhou tempo concordando com o plano de Bruno, mas
exigindo a presença de uma médica. Com isso conseguiu ir a uma delegacia onde
prestou queixa.
Sobre quem seriam os participantes da morte e ocultação do
cadáver da jovem, em 2010, Rodrigo contou aos policiais quem eram aqueles que
ele conhecia e apontou, em fotos, outros cúmplices. “Eu preciso ficar calado,
porque se tratam de pessoas que fazem parte de organizações criminosas. É
preciso que a polícia descubra quem foi. Reconheci algumas fotos que a polícia
me mostrou, antes mesmo que eles dissessem os nomes eu já estava falando”,
relatou à polícia na época.
Rodrigo ainda citou três organizações criminosas temidas por
ele e envolvidas no crime: o Comando Vermelho do Rio de Janeiro, o Primeiro
Comando do Maranhão e o Primeiro Comando de São Paulo. E ainda disse que o
crime teve a participação de facções criminosas dos estados de Minas Gerais,
Rio de Janeiro, Piauí e Maranhão.
Em relação ao local onde se encontram os restos mortais de
Elisa, Rodrigo voltou a afirmar que precisa de proteção para contar tudo o que
sabia. “Não foi surpresa terem me procurado, não sei como demorou tanto, seis
anos, mas preciso de garantias”, concluiu.
Uma segunda pessoa foi ouvida aqui no Piauí, mas a polícia
não revelou o nome.
Soltura de Bruno
O ministro Marco Aurélio Melo, do Supremo Tribunal Federal
(STF), concedeu no dia 24 de fevereiro, um habeas corpus que permite a saída do
goleiro Bruno Fernandes da prisão.
O ministro deferiu o habeas corpus número 139612, que
permite que Bruno recorra de sua condenação pelo sequestro, morte e ocultação
do cadáver da modelo Eliza Samudio em liberdade. Segundo a assessoria do STF,
Marco Aurélio argumentou que o recurso já estava há três anos sem apreciação e,
portanto, deu a Bruno o direito de continuar esperando essa análise solto. portal az