sexta-feira, 1 de maio de 2020

Reunião de Bolsonaro com pastor e secretário da Receita levanta suspeita de ingerência a favor de igrejas

Técnicos da Receita Federal alertam para risco de ingerência do Palácio do Planalto no órgão em favor da renegociação de dívidas tributárias de igrejas evangélicas. A reação deve-se a uma reunião entre o presidente Jair Bolsonaro , o secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, e o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do pastor R. R. Soares , na segunda-feira passada. 

No encontro, os três teriam tratado sobre dívidas tributárias de igrejas.
O compromisso consta da agenda oficial do presidente e ocorreu na tarde do dia 27 de abril. R R. Soares é líder da Igreja Internacional da Graça de Deus. A entidade tem, segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), R$ 144,6 milhões inscritos na Dívida Ativa da União.
A informação sobre a pressão de Bolsonaro sobre a receita foi publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" nesta quinta-feira. Técnicos da Receita ouvidos pelo GLOBO confirmaram que há um temor de interferência e que a simples presença do presidente em uma reunião entre um contribuinte e o secretário do Fisco indica um risco de ingerência.
Em nota, o Sindifisco, que representa auditores fiscais, criticou a tentativa de pressão:
"É com espanto que vemos essa investida do presidente da República, que atropela as leis para, em benefício de alguns contribuintes, atentar contra a administração pública e o equilíbrio do sistema tributário. Isso é ainda mais grave por acontecer na sequência das graves denúncias de tentativas de ingerência na Polícia Federal, que motivaram abertura de inquérito no STF ", afirmou o órgão.
Não é a primeira vez que a tentativa de ingerência de Bolsonaro sobre o Fisco causa desconforto entre técnicos do órgão. No ano passado, o ex-secretário da Receita, Marcos Cintra, foi pressionado a fazer trocas na subsecretaria de Fiscalização, por pressão do presidente.
Procurado, o deputado David Soares não foi localizado. A Receita informou que não se manifestaria. Da Redação com informações de O Globo

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