Uma jovem de 24 anos, que não teve sua identidade revelada, afirmou durante reportagem ao Em Foco, que engravidou por duas vezes de um padre da diocese de Campo Maior, norte do Piauí, o que gerou dois possíveis abortos, sendo um deles, por sugestão do religioso. Segundo ela, que era integrante do coral da paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, os dois iniciaram um relacionamento amoroso ainda no ano de 2019.
Ela relatou que tudo teve início quando o padre comentou uma foto dela, postada em uma rede social. A partir daí, ele teria passado a elogiar suas publicações, onde ela acabou até questionando o motivo de tanta atenção.
“Perguntei o porquê das mensagens, ele disse que não tinha uma explicação, que estava interessado, mas não tinha coragem de chegar até mim. Disse que o meu jeito tinha o encantado, ele mandava várias mensagens, começamos a conversar até que um dia ele disse que estava apaixonado, que já tinha namorado uma menina e que era muito discreto”,
disse ao Em Foco. A reportagem entrou em contato com o padre a diocese para posicionamentos, que não obteve resposta até o momento.
Paróquia de Nossa Senhora do Nazaré (Reprodução) |
No depoimento, a mulher diz ainda que os dois seguiram conversando até que ele a pediu em namoro na casa paroquial em Nossa Senhora de Nazaré. Eles iniciaram o relacionamento conturbado que durou aproximadamente um ano e meio.
“Fomos mantendo esse relacionamento em meio a muitas brigas, por que pra mim era muito difícil aceitar a vida dele como padre, isso me frustrava. Era uma vida muito corrida, a gente brigava muito”, revelou.
O relacionamento se tornou algo conturbado devido a vontade da jovem assumir o ‘romance’ publicamente, mas o religioso tinha receio e medo, o qual cogitou a possibilidade de deixar o sacerdócio para poder assumir a relação. No fim do ano passado, a jovem supostamente teria engravidado. Segundo ela, o teste de farmácia havia dado positivo, e ao saber da possibilidade, o padre sugeriu que ela realizasse um aborto.
“Quando eu fiz o teste de farmácia, deu positivo, ele falou que não estava preparado para ser pai. Ele disse: e se você tomasse remédio? Você vai tomando uns chás para ver se ‘desce’, se não você toma os remédios. Eu vou ficar com você, vou tomar conta de você”, disse.
Para poder interromper a gravidez, ela teria tomado misoprostol, medicamento usado ilegalmente como abortivo. A jovem precisou ser atendida no Hospital Regional de Campo Maior, pois estava perdendo muito sangue, sob efeito do medicamento. Na ficha de atendimento do hospital, constam que a jovem foi atendida em classificação de risco e urgência e teve o diagnóstico de aborto. A reportagem teve acesso e divulgou as fichas de atendimento da mulher. A segunda gravidez aconteceu em julho de 2020. Na época ela fez um teste de farmácia que deu positivo. Porém, um outro teste desta vez de sangue, realizado no hospital de Campo Maior, mostrou resultado contrário.
Apesar disso, os dois seguiram juntos. A piauiense revelou ainda que sofreu uma série de ataques vindos de pessoas da comunidade de N. S. de Nazaré, que a acusavam de ser
"destruidora da igreja e da vida do padre".
Ainda segundo relatos da jovem, ela precisou ser atendida no hospital de Campo Maior, pois havia tomado alguns remédios. Na ficha de atendimento do dia 24 de julho de 2020, veio o diagnóstico de um possível abortamento. O católico foi informado sobre o que tinha acontecido, mas não acreditou.
“Ele disse que era tudo uma invenção, que eu tinha fingido o aborto. Ele tinha consciência que eu tinha tomado os remédios, tanto na primeira vez como na segunda, mas não se importou”, contou.
Ela ainda procurou a diocese de Campo Maior, contou toda a história, porque se sentia injustiçada.
“Eu queria que ele assumisse, enquanto homem e enquanto padre, o que tinha feito. E não deixar um monte de pessoas me julgando, dizendo que eu tinha acabado com a vida dele, sendo que foi o contrário”,
disparou a jovem. Mesmo contando toda a história para a diocese, Amanda alega que não teve nenhuma resposta.
Informações Em Foco
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