O corpo do artista plástico Francisco Galeno, 68, foi encontrado na tarde desta segunda-feira, 2, na Rua Conde D'eu no centro de Parnaíba. O corpo foi encontrado sem vida ao lado da cama em seu ateliê. Segundo a família, ele estava com dengue, mas havia resistido a procurar atendimento médico. Apesar disso, não há informações de que a morte foi em decorrência da doença.
Viaturas da polícia no local da ocorrência/Reprodução Viaturas da polícia no local da ocorrência/Reprodução Carro tumba do IML que fez a remoção do corpo do artista plástico/Reprodução
A perícia da Polícia Civil esteve no local, realizando os procedimentos de praxe e tudo indica que o óbito se deu por morte natural, mas só um exame pode constatar o real motivo da morte do artista. Uma equipe do IML removeu o corpo para o posto avançado no bairro Frei Higino.
Nascido em Parnaíba, no Piauí, e radicado no Distrito Federal desde os anos 1960, Galeno foi um dos artistas mais representativos da capital.
Relembre a trajetória de Francisco Galeno
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Nascido em Parnaíba, no Piauí, e radicado no Distrito Federal desde os anos 1960, Galeno foi um dos artistas mais representativos da capital/Reprodução |
Francisco Galeno nasceu em Parnaíba (PI) em uma família de artesãos: o pai era pescador e fabricava canoas, a mãe era costureira e rendeira, e o avô, vaqueiro, produzia selas e arreios de couro. Ainda jovem, começou a pintar e a visitar exposições em Brasília, interessado inicialmente por paisagens e figuras humanas.
Em 1965, chegou à capital e, por volta de 1969, foi despejado com a família em uma rua de terra em Brazlândia, onde se estabeleceu e manteve residência até o fim da vida. Galeno conhecia cada canto da cidade e fazia questão de continuar ali, mesmo após conquistar reconhecimento nacional.
Sua obra é marcada por cores vibrantes, formas geométricas e referências afetivas à infância às margens do Rio Parnaíba. Incorporou elementos do cotidiano, como anzóis, carretéis e latas, numa linguagem própria que dialogava com o construtivismo brasileiro de Alfredo Volpi e Rubem Valentim, mas com um tom lúdico, popular e festivo.
Além da pintura, Galeno também atuava em esculturas, instalações e criação de roupas. Quando criança, sonhava em ser jogador de futebol — e chegou a desenhar o uniforme do time de Brazlândia. Nos últimos anos, desenvolvia um projeto dedicado aos chamados “loucos de BR”, personagens que encontrava em suas viagens ao Piauí e que via como artistas espontâneos, carregados de expressão e inventividade popular.
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