Por Teodoro Neto |
Um levantamento divulgado pela Fundação Abrinq na última
terça-feira (25) traz dados alarmantes sobre a situação das crianças e
adolescentes brasileiros.
O Piauí continua entre as unidades da Federação com maior
número de famílias em situação de pobreza extrema. No estado, 19,7% da
população possuía renda domiciliar mensal per capita de até um quarto do salário-mínimo,
quando a pesquisa foi feita, em 2015. Ou seja, cerca de 630 mil piauienses
tinham renda familiar inferior a R$ 197 por pessoa, uma vez que naquele ano o
salário-mínimo era de R$ 788.
Nessa faixa de renda domiciliar, uma família com cinco
pessoas, por exemplo, precisava viver com menos de mil reais por mês em 2015.
Se considerado o atual salário-mínimo, esta mesma família com cinco membros
precisa viver com menos de R$ 1.180 ao mês.
Com este índice, o Piauí figura na quinta pior colocação
entre todos os estados brasileiros, conforme apontou a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) - um dos indicadores presentes no levantamento da Fundação Abrinq.
Resultados piores só foram observados nos estados do
Maranhão, onde 26,8% da população vive na pobreza extrema, Alagoas (22,3%),
Ceará (20,7%) e Acre (19,9%).
O percentual nacional de pessoas vivendo na pobreza extrema
é de 9,2%, o que corresponde a cerca de 19 milhões de brasileiros. O Nordeste
lidera, disparado, o número de pessoas que vivem nesta situação precária,
superando os 11 milhões; outras 3,5 milhões vivem na região Sudeste; 2,7
milhões na região Norte; um milhão na região Sul; e 550 mil no Centro-Oeste.
O relatório divulgado pela Fundação Abrinq é composto de
análises sobre a situação dos indicadores nacionais que se relacionam direta e
indiretamente com a infância e a adolescência no Brasil. Seu objetivo é
apresentar o quadro situacional das condições de vida dos brasileiros nessas
faixas etárias, de maneira a verificar se o país está conseguindo alcançar os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) firmados com a Organização das
Nações Unidas (ONU).
Por meio do levantamento, que possui 107 indicadores, é
possível identificar quais as regiões possuem maior debilidades em relação ao
restante do país.
Mais de 4% das crianças de até cinco anos no Piauí estão
abaixo do peso ideal
Outro indicador em que o Piauí figura entre os piores
estados do país refere-se ao percentual de crianças menores de cinco anos
abaixo do peso ideal.
Segundo o Ministério da Saúde, no Piauí há 4,4% de crianças
com até cinco anos nessa situação. Com piores resultados estão apenas os
estados do Maranhão (4,8%), Sergipe (4,8%), Goiás (4,7%) e Pernambuco (4,6%).
A média nacional deste indicador negativo é de 3,6%,
enquanto a da região Nordeste fica em 4,3%.
Piauí tem segunda pior cobertura de imunizações no país
Outro dado preocupante presente no relatório divulgado pela
Fundação Abrinq é a cobertura de vacinação, ou seja, o percentual da população
vacinada em determinadas imunizações, cujos objetivos são reduzir os riscos de
algumas doenças epidêmicas.
O Piauí possui a quarta pior cobertura de imunizações entre
os estados brasileiros, de apenas 75,8%. Completam a lista dos cinco piores o
Amapá (79,9% de cobertura), o Acre (68%), o Distrito Federal (65,4%) e o Pará
(64,5%).
Na outra ponta do ranking, com os melhores resultados, estão
o Mato Grosso do Sul (102,6%), Rondônia (97,5%), Ceará (94,4%), Santa Catarina
(90,9%) e Minas Gerais (90,9%).
Dentre os 15 tipos de vacinas incluídas nesse cálculo, 12
são recomendadas aos menores de um ano de idade; das três restantes, duas são
aplicáveis à população menor de quatro anos e uma à população maior de 60 anos.
A parcela da população mais sensivelmente afetada com algum decréscimo na
distribuição de vacinas e que incide sobre esse indicador, portanto, é aquela
menor de quatro anos de idade.
As três metas ODS que impactam crianças e adolescentes:
1. Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as
pessoas em todos os lugares, atualmente medida como pessoas que vivem com menos
de US$ 1,25 por dia.
2. Até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de
homens, mulheres e crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas
as suas dimensões, de acordo com as definições nacionais.
3. Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de
proteção social adequados, para todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a
cobertura substancial dos pobres e vulneráveis.