O filme "Os sonhos de um sonhador – A história de Frank
Aguiar" finalmente chega ao circuito comercial nesta quinta-feira, 9,
ocupando salas de cinema em São Paulo, Teresina, Recife e Salvador, depois de
mais de seis anos de espera. Tendo sido filmada em 2009, essa cinebiografia mostra
a trajetória de Francineto Luz de Aguiar desde a infância até a consagração
como "o cãozinho dos teclados". Tanto atraso se deve, segundo o
diretor Caco Milano, ao fato de o filme ter sofrido preconceitos da própria
classe cinematográfica.
"Faltou grana para finalizar como eu queria e vivemos
também muito preconceito do meio. Não vou citar nomes, mas é de arrepiar.
Cheguei a ouvir que não me deixariam exibir o filme por ser a biografia do
Frank", garante o cineasta.
Antes de chegar ao circuito comercial, o filme ficou
esquecido por alguns anos até ser exibido no Cine PE de 2013.
Certamente o público-alvo do filme se identificará com a
história de luta, sorte, sonhos e artimanhas do artista que saiu da pequena
cidade de Itainópolis, no interior do Piauí, e partiu para São Paulo com o
desejo de gravar um disco e fazer sucesso nas rádios e na televisão, o que
conseguiu. Contando com narração do próprio Frank Aguiar, o longa-metragem
também é marcado por uma das últimas atuações de Chico Anysio e traz no elenco,
entre outros, Rosi Campos e Nelson Xavier. Para interpretar o artista foi
escolhido o jovem ator Gustavo Leão. "Ele é um ator muito bonito, com um
lindo sorriso. Um ator muito esforçado. Gosto do resultado. Quem conhece e
convive com o Frank sabe que ele fez um bom trabalho", justifica Caco.
O filme começa com o garotinho Francineto ficando tão
encantado com dois cantadores cegos que faziam maravilhas com o violão a ponto
de contar para o pai, Chico das Dores (Nelson Xavier), que deseja perder a
visão. A partir daí, ele se aventura a tocar na igreja, onde rapidamente se
identifica com o teclado, instrumento que o tornaria famoso. Aos quinze anos,
deixou a terra natal para estudar no curso de música da Universidade Federal do
Piauí (UFPI), em Teresina, contra a vontade do pai e da mãe, Zulmira (Rosi
Campos), que queriam vê-lo doutor.
É nesse momento que a música realmente fala mais alto na
vida de Frank Aguiar e ele passa a se dividir entre tocar na igreja e
acompanhar um músico da noite, o qual, numa certa ocasião, interrompe o show
para descansar e, numa das cenas mais bonitas do filme, o garoto tem a ideia de
inserir teclado no forró e, com isso, contagia todos os presentes. É quando
chega o momento de ele alçar voos maiores e partir para a carreira solo, na
companhia de outros dois músicos.
Com roteiro escrito por Caco Milano e Frank Aguiar, o filme
tem como seu ápice o encontro do músico, que se mudara para São Paulo em 1992,
com o empresário musical Alemão (lindamente interpretado por Chico Anysio), que,
quase sem querer, se vê diante de um cassete deixado por ele e se encanta com a
novidade que escuta, ou seja, forró tocado no teclado. A partir daí, Alemão
passa a se dedicar a carreira do novo artista e começa levando-o numa feira
popular, onde ludibriam alguns vendedores, convencendo-os a vender cópias do
tal cassete.
Outra ideia brilhante de Alemão é mostrá-lo para
contratantes de show, que oferecem para ele apenas a segunda-feira e criam o
apelido "cãozinho dos teclados". As apresentações passam a chamar
atenção ao ponto de, enquanto o empresário agenda um show no Nordeste, o
próprio Frank Aguiar marca para a mesma data uma apresentação no que é
denominado o programa mais popular da televisão. Para resolver o problema,
convencem um homem a alugar um jatinho para eles, recebendo depois do show. O
filme termina então no momento em que tudo dá certo e, finalmente, o forrozeiro
parte para a gravação do primeiro disco. O resto é a história que todo mundo já
sabe. "É a história da perseverança. Ele guerreou muito e conseguiu, mas
com muita labuta e muita fé", completa Caco.
Portanto, mesmo tendo sido vítima de preconceitos – os
mesmos que discriminam os artistas legitimamente populares como Frank Aguiar –,
o filme mostra a trajetória de um vencedor, sem cair na pieguice ou na
autoajuda e sem esconder as artimanhas que existem no meio artístico. Ao final,
a sensação que fica é que é possível, sim, realizar os sonhos, desde que se
tenha muita perseverança e criatividade. "Ele é um artista de massa que
ocupa um espaço curioso. O que me chamou muito a atenção foi um artista fora da
grande mídia vender o que ele vende, tanto de shows como de CDs", avalia.
E finaliza: "Acho que a massa tem o direito de escolher sua arte".
Acompanhe no vídeo matéria das gravações realizadas na Praia da Pedra do Sal
Nenhum comentário:
Postar um comentário