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Após oito anos de sua internação em uma comunidade
terapêutica de Teresina, Vinícius Batista Farias, 36 anos, ainda celebra a
vitória sobre o vício. Foram 15 anos na dependência de uma série de drogas,
entre elas o crack, que o deixaram distante de familiares, amigos e da
sociedade. Hoje, ressocializado, Vinícius ajuda a outros que buscam a
recuperação. Ele conta que já trabalhou em diversas comunidades terapêuticas e
que participa de grupos e missões da igreja católica onde compartilha o seu
testemunho.
“Acredito que minha história de vida pode ajudar a muitos
outros que buscam vencer as drogas. Eu venci, mas lutei muito e quis muito.
Tive a ajuda de uma comunidade terapêutica que me acolheu sem julgamentos, me
ouviu, me deu direcionamento e me ofereceu a oportunidade de me capacitar.
Também encontrei na fé um meio de vencer o vício e hoje saio compartilhando meu
testemunho a várias pessoas”, disse.
Vinícius agora se prepara para cursar a sonhada faculdade de
educação física, e o fará no segundo semestre deste ano. Ele acredita que
poderá utilizar a profissão de educador físico para servir no combate às
drogas, através do esporte. “Hoje, tudo o que faço, é buscando fazer o bem ao
próximo. O esporte vem salvando muitas vidas. Poderei estar em contato com
muitas pessoas, podendo ajudá-las a ter uma vida saudável”, declarou.
Assim como Vinícius, muitas pessoas que lutam contra o vício
das drogas têm encontrado nas comunidades terapêuticas a esperança de um
recomeço. Célio Barbosa, coordenador geral da Fazenda da Paz, comunidade que há
23 anos trabalha no acolhimento e tratamento de dependentes químicos, no Piauí,
afirma que o trabalho das comunidades é fundamental na ressocialização dessas
pessoas.
Segundo ele o Piauí se configura como referência neste tipo
de tratamento para o país, alcançando um índice de recuperação de 48% de
pessoas internadas em comunidades terapêuticas, ultrapassando a média nacional
que é de 40% e, também, a média de 30% da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Somente a Fazenda da Paz, em seus 23 anos de atuação,
atendeu mais de 23 mil famílias, de onde 15 mil pessoas terminaram o tratamento
e estão sóbrias e reinseridas na sociedade.
Segundo Danúbia Pires, coordenadora psicossocial da Fazenda
da Paz, a estadia em uma comunidade é só o começo e não o tratamento completo.
Por pensarem assim, muitas pessoas acabam retornando ao vício assim que deixam
o ambiente das comunidades.
Para ajudar na reinserção de ex-dependentes ao mercado e à
sociedade, a maioria das comunidades terapêuticas oferecem cursos profissionalizantes
e fazem o elo entre as pessoas e as empresas. Além disso, a exemplo da Fazenda
da Paz, as comunidades acompanham as famílias dos internos para que saibam
receber e apoiá-los, quando saírem.
“Estar capacitado é muito importante para que quando esse
interno saia, ele tenha maior oportunidade de se inserir no mercado. Mas o
fundamental é que ele não esqueça de que estar na comunidade foi só o primeiro
passo. Alí ele encontrou diretrizes para a sua vida fora. A disciplina, a
profissão, a espiritualidade, tudo o que ele aprendeu, deve ser aplicado fora,
no seu convívio. É por isso, também, que acompanhamos as famílias, porque os
parentes e amigos são fundamentais nessa adaptação”, explicou.
De acordo com Célio, é preciso que se invista ainda mais em
comunidades terapêuticas, pois elas têm um custo bem menor do que clínicas e
prisões, em média R$1 mil e 200 por pessoa. Além disso, o coordenador ressalta
que o melhor investimento é na prevenção, na educação de crianças e jovens,
para que nunca venham a se envolver no mundo das drogas. João Cunha
Imagem ilustrativa | internet |
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