Sergio Moro disse nesta sexta-feira, 24, ao deixar o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública, que a decisão de mudar o comando da Polícia Federal foi motivada por uma preocupação do presidente Jair Bolsonaro com um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Presidente também me informou que tinha preocupação com inquéritos em cursos no STF e que a troca em curso seria por esse motivo”.
O agora ex-ministro não mencionou qual é a investigação. O filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (REPUBLICANOS-RJ), tem um inquérito aberto contra ele por suspeitas de lavagem de dinheiro ao acumular salários de assessores.
Moro (foto acima) disse que ficou surpreendido e achou ofensivo o modo como foi publicada a demissão de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal no Diário Oficial da União.
A edição desta sexta-feira informava que a demissão havia sido a pedido de Valeixo e contava com autorização de Moro.
“A exoneração que foi publicada, fiquei sabendo pelo Diário Oficial da União, não assinei esse decreto, em nenhum momento isso foi trazido e em nenhum momento foi pedido”, disse Moro.
O nome apontado como preferido por Bolsonaro para ocupar o cargo de Moro é do atual ministro da Secretaria Geral, Jorge Oliveira.
Senadores aliados de Moro ouvidos pelo Congresso em Foco avaliam que a escolha de Jorge Oliveira, major reformado da Polícia Militar, vai ampliar ainda mais o atrito da classe de delegados da PF com o governo.
A relação já está estremecida devido às interferências de Bolsonaro no comando da instituição. A mudança no comando da PF estava sendo considerada desde o início do segundo semestre de 2019 e chegou a ser vocalizada mais de uma vez por Bolsonaro em entrevistas coletivas.
A relação entre Bolsonaro e Moro tem sido marcada por conflitos desde o início do governo. O primeiro aconteceu ainda em janeiro do ano passado, quando Bolsonaro ignorou as sugestões do seu ministro da Justiça e da Segurança Pública ao assinar o decreto que afrouxou o controle de armas.
Em fevereiro, Moro passou pelo constrangimento de desconvidar a especialista em segurança Ilona Szabó para uma vaga de suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, órgão consultivo do Ministério da Justiça, após o nome dela ser atacado nas redes sociais por bolsonaristas.
Sérgio Moro também ficou solitário na defesa da permanência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) no Ministério da Justiça. Não só o órgão foi transferido para o Banco Central como foi demitido o seu presidente, Roberto Leonel, auditor fiscal de carreira que atuou na Lava Jato e foi indicado por Moro para a função.
Em janeiro deste ano, Bolsonaro voltou a fustigar Moro e disse em entrevista coletiva que cogitava recriar o Ministério da Segurança Pública, esvaziando ações da pasta comandada pelo ex-juiz. Da Redação com informações da Agência Brasil
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