quinta-feira, 12 de maio de 2016

Posse de Temer será um dia de triste memória para o Brasil. Uma Pá de cal no discurso anticorrupção

Hoje é um dia daqueles que ficarão indeléveis na história do Brasil. E eu sou uma das milhões de testemunha desta violência política, deste fato que será de triste memória para aqueles que defendem e defenderão o ideal democrático.
Este 12 de maio é o dia em que um processo infame, fruto de uma selvagem disputa de poder, dá seu passo mais largo para desapear do poder uma presidente isenta de qualquer processo de corrupção para colocar no seu lugar um homem de história política errática, delatado na Operação Lava Jato e tornado inelegível por oito anos por uma corte eleitoral. Um Congresso Nacional abjeto, de maioria indigna, dá a essa manobra repulsiva a aparência de legalidade suficiente para dizerem que se trata de um processo legítimo. É algo como pintar com o melhor verniz um móvel cuja madeira já está apodrecida.
A posse de Michel Temer nas próximas horas é a última pá de cal no discurso de quem afirma ser o combate à corrupção a principal razão para desejarem o fim o ciclo petista no governo. Se assim fosse, não estariam de sorriso largo com a posse de um presidente suspeito de pagar e receber propina de empreiteiras investigadas na Lava Jato!
Também podem alegar que o Brasil está parado e que Dilma não está governando. Sim. O Brasil está em ritmo muito lento e a presidente que será afastada temporariamente realmente não tem conseguido governar. Mas, a presidente não é a maior culpada de tudo isso, não. O Brasil está parado devido ao boicote criminoso da oposição, incluindo a edição de pautas bombas e outras manobras políticas para paralisar o governo. Todo esse enredo criminoso iniciado logo após a vitória de Dilma no segundo turno pode ser resumido em três atos, para fins didáticos: Não deixar a presidente governar; 2) Sem poder governar a presidente perde apoio popular. 3) Sem apoio popular fica fácil tirá-la do governo.
Quanto aos casos de corrupção que enodoam a política brasileira, o mais sensato é defender as investigações e que elas possam alcançar a todos que estiverem envolvidos. Que seja feito justiça e não “injustiçamentos”, como defenestrar certos partidos e poupar outros. Vale ressaltar que o PMDB (de Michel Temer) e o PP são os partidos com maior número de membros investigados, denunciados e condenados por corrupção, mas não são essas agremiação chamadas de quadrilhas pelos ditos revoltados com a corrupção no país. Até quando essa hipocrisia vai perdurar?
Ante isso tudo, vale esperar o julgamento sereno da história. É possível imaginar que Dilma, com seu balanço de erros e acertos, não será um Fernando Collor!
(F. Carvalho, jornalista e bacharelando em Direito)