Hoje é um dia daqueles que ficarão indeléveis na história do
Brasil. E eu sou uma das milhões de testemunha desta violência política, deste
fato que será de triste memória para aqueles que defendem e defenderão o ideal
democrático.
Este 12 de maio é o dia em que um processo infame, fruto de
uma selvagem disputa de poder, dá seu passo mais largo para desapear do poder
uma presidente isenta de qualquer processo de corrupção para colocar no seu
lugar um homem de história política errática, delatado na Operação Lava Jato e
tornado inelegível por oito anos por uma corte eleitoral. Um Congresso Nacional
abjeto, de maioria indigna, dá a essa manobra repulsiva a aparência de
legalidade suficiente para dizerem que se trata de um processo legítimo. É algo
como pintar com o melhor verniz um móvel cuja madeira já está apodrecida.
A posse de Michel Temer nas próximas horas é a última pá de
cal no discurso de quem afirma ser o combate à corrupção a principal razão para
desejarem o fim o ciclo petista no governo. Se assim fosse, não estariam de
sorriso largo com a posse de um presidente suspeito de pagar e receber propina
de empreiteiras investigadas na Lava Jato!
Também podem alegar que o Brasil está parado e que Dilma não
está governando. Sim. O Brasil está em ritmo muito lento e a presidente que
será afastada temporariamente realmente não tem conseguido governar. Mas, a
presidente não é a maior culpada de tudo isso, não. O Brasil está parado devido
ao boicote criminoso da oposição, incluindo a edição de pautas bombas e outras
manobras políticas para paralisar o governo. Todo esse enredo criminoso
iniciado logo após a vitória de Dilma no segundo turno pode ser resumido em
três atos, para fins didáticos: Não deixar a presidente governar; 2) Sem poder
governar a presidente perde apoio popular. 3) Sem apoio popular fica fácil
tirá-la do governo.
Quanto aos casos de corrupção que enodoam a política
brasileira, o mais sensato é defender as investigações e que elas possam
alcançar a todos que estiverem envolvidos. Que seja feito justiça e não
“injustiçamentos”, como defenestrar certos partidos e poupar outros. Vale
ressaltar que o PMDB (de Michel Temer) e o PP são os partidos com maior número
de membros investigados, denunciados e condenados por corrupção, mas não são
essas agremiação chamadas de quadrilhas pelos ditos revoltados com a corrupção
no país. Até quando essa hipocrisia vai perdurar?
Ante isso tudo, vale esperar o julgamento sereno da
história. É possível imaginar que Dilma, com seu balanço de erros e acertos,
não será um Fernando Collor!
(F. Carvalho, jornalista e bacharelando em Direito)