A avenida Frei Serafim recebeu nesta segunda-feira (06) mais
um protesto de mulheres contra a cultura do estupro e a violência doméstica e o
feminicídio. Cruzes com nomes de mulheres assassinadas foram espalhadas pelo
passeio central e um varal de calcinhas pintadas de vermelho lembravam as
vítimas de estupros no Piauí.
Imagem: Elias Fontenele / O Dia |
Imagem: Elias Fontenele / O Dia |
Entre os nomes lembrados estão o de Jacinta Andrade, morta
pelo namorado e que hoje dá nome a um residencial na zona Norte de Teresina.
Também foi homenageada a funcionária pública Francisca Iones. Ela foi
assassinada pelo marido da sua filha, que era vítima de violência doméstica e
havia fugido da cidade de Santo Antônio Lisboa, no sul do Estado.
Imagem: Elias Fontenele / O Dia |
Maria Dalva Silva, do coletivo feminista Gênero, Mulher
Desenvolvimento e Ação Cidadã, avalia que existe um alto índice de assassinato
de mulheres no Piauí. “Estamos aqui para lembrar das nossas companheiras que
foram mortas”, disse a feminista.
Ela destaca também os casos de estupro como consequência de
uma cultura que deve ser combatida. “É uma questão de gênero. Os homens são
socializados com a sua sexualidade permitida, como se ele tivesse um desejo
incontrolável. As mulheres, portanto, são ensinadas que não devem provocá-los e
nem fazer por merecer. O estupro é o único crime no qual vítima e criminoso são
julgados”, declara Maria Dalva.
Imagem: Elias Fontenele / O Dia |
A secretária de mulheres da Central Única dos Trabalhadores
(CUT), Antônia Ribeiro, lembra dois casos de estupro coletivo no Piauí: o de
Castelo e um mais recente, em Bom Jesus. “Todos os dias temos notícias de
estupros e outras violências no estado. E a nossa realidade é de impunidade.
Lutamos também contra o sistema patriarcal e preconceituoso, que não debate as
questões voltadas para as mulheres”, observa Antônia.
O protesto foi organizado pela Central Única dos
Trabalhadores, Sindicato dos Comerciários, Grupo Nós Tudinha, Coisa de Nego,
União das Mulheres Piauineses (UMP), UBM (União Brasileira de Mulheres),
GEMDAC-Gênero Mulher Desenvolvimento e Ação para a Cidadania em Teresina,
Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários do Piauí
(FAMCC), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Fórum de Entidades Negras, SINPAF
- Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento
Agropecuário, Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Piauí – CEDDM,
Secretaria da Mulher do PT/PI, a Coordenadoria de Estado de Políticas para
Mulheres - CEPM / PI, PcdoB, PCO, PT, Dever de Casa, Ayabás e a Rede Nacional
de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO).
Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
todos os anos cerca de 50 mil pessoas são estupradas no Brasil. Sabe-se, porém,
que o estupro é um dos crimes mais subnotificados. O Instituto de Pesquisa
Econômica e Aplicada (IPEA) estima que os dados oficiais representam apenas 10%
dos casos ocorridos. Os registros apontam que 89% das vítimas são do sexo
feminino e, desse total, 70% são crianças e adolescentes
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