O Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado em 21 de
março, tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da luta
pelo bem-estar, igualdade de direitos e inclusão dos portadores de Down na
sociedade. Caracterizada pela presença de 47 cromossomos em suas células em vez
de 46, como a maior parte da população, a síndrome de Down ocorre no momento da
concepção. Pessoas com essa síndrome têm características típicas como olhos
oblíquos, rosto arredondado, mãos menores com dedos mais curtos, prega palmar
única e orelhas pequenas; além de estarem mais propensas a uma maior incidência
de doenças, como a diminuição do tônus muscular responsável pela língua
protusa, dificuldades motoras, atraso na articulação da fala e, em 50% dos
casos, cardiopatias e problemas de vista.
De acordo com Guia Oftalmológico de Síndrome de Down,
divulgado pelo Centro Médico Down da Fundação Catalana Síndrome de Down, dos
transtornos de motilidade ocular, quase metade das crianças nessas condições
apresenta algum tipo de estrabismo. Observa-se que até 50% das crianças
demonstram dificuldade para ver de longe, outras 20% para ver de perto, algumas
têm os canais lacrimais obstruídos, outras desenvolvem inflamações das margens
das pálpebras (blefarite) e também apresentam nistagmo, que são oscilações
repetidas e involuntárias rítmicas de um ou ambos os olhos.
"Aproximadamente 80% dos casos de torcicolo na Síndrome de Down se devem a
uma causa oftálmica identificável, como o nistagma e estrabismo, por exemplo.
Se tratados podem solucionar ou ao menos melhorar o quadro", afirma a
oftalmologista Regina Hitomi Sakamoto, médica Referência de Oftalmopediatria,
do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB)
Outras doenças bastante comuns aos portadores da Síndrome
Down são o ceratocone - que se manifesta por um astigmatismo elevado ou por uma
diminuição da acuidade visual - e a catarata. "Quando detectada no
recém-nascido, a chamada catarata congênita, em geral compromete seriamente a
visão e requer tratamento cirúrgico, em curto prazo. Cerca de 3% dos bebês com
Down apresentam esse problema. Por isso, indicamos que a primeira consulta
oftalmológica deve se realizar durante os três primeiros meses de vida e as
avaliações de acuidade visual devem se repetir aos 6 e 12 meses e, depois,
anualmente", acrescenta a especialista.
Essas condições podem prejudicar o foco e
dificultar a percepção de profundidade e, consequentemente, atrapalham o
desenvolvimento das crianças com Down, pois é sabido que elas aprendem mais
facilmente com informações visuais. "Quanto antes for diagnosticado e
tratada qualquer deficiência visual, melhor será a qualidade de vida desse indivíduo",
ressalta a dra Regina.
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