Por Luis Felipe Miguel, no facebook
Da Coluna de Oscar de Barros/180Graus
Da Coluna de Oscar de Barros/180Graus
(1) Não há nenhuma prova capaz de incriminar o
ex-presidente. Toda a acusação é baseada em ilações e em delações interessadas
(envolver o nome de Lula era condição necessária para que o delator obtivesse
benefícios). Por outro lado, o julgamento despreza as evidências materiais da
defesa, que já foram capazes de provar, por exemplo, que ele nunca foi
proprietário do bendito triplex.
(2) Não se trata simplesmente de um erro judicial comum,
provocado pela incompetência e obtusidade dos magistrados. A condenação de Lula
é a culminância de uma devassa em sua vida, levada a cabo durante anos, em
busca de qualquer coisa que pudesse servir para incriminá-lo. O aparato
policial-judicial foi mobilizado com esse intuito, antes de que existisse
qualquer indício que o justificasse, em gritante desrespeito ao império da lei.
(3) É uma perseguição dirigida contra Lula e contra seu
partido, não uma campanha de desforra contra a "elite política
corrupta", como demonstra o tratamento muito diferente dado a outros
líderes políticos sobre os quais pesam suspeitas muito mais sólidas de
envolvimento em ilícitos (Aécio Neves, Michel Temer, Geraldo Alckmin, José
Serra, Fernando Henrique Cardoso etc.). Há, portanto, uma ação deliberada para
prejudicar Lula e o PT.
(4) O TRF-4 já demonstrou que não vai cumprir com isenção
seu papel de corte revisora. Atropelou os prazos da tramitação do caso, para
adequá-la ao calendário eleitoral. Seu presidente já manifestou de público seu
parti pris, chegando ao ponto de declarar que a sentença de Sérgio Moro era
"irretocável" (antes mesmo de lê-la). Agora, dedica-se a espalhar
boatos que justifiquem uma eventual escalada repressiva em Porto Alegre. Do
Supremo de Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Carmem Lúcia, tampouco se pode
esperar algum passo em defesa da justiça.
(5) O claro objetivo da trama é impedir que Lula volte à
presidência. Antes dividida entre as estratégias de minar o prestígio popular
do ex-presidente ou proibi-lo de se candidatar, a coalizão golpista agora se
alinha com a segunda opção, dado o fracasso da primeira.
(6) Portanto, o objetivo é impedir que o eleitorado possa
expressar sua preferência. Eleição sem Lula é golpe. Mas não é um golpe contra
Lula; é um golpe contra a possibilidade de retorno do Brasil à democracia. Mesmo
adversários históricos do ex-presidente reconhecem este fato.
(7) Quem julga que pode se beneficiar da ausência de Lula
nas eleições de outubro precisa entender que o veto que o Judiciário brasileiro
está impondo não é só a Lula, é a qualquer alternativa que se disponha a
interromper o golpe e seus retrocessos. Se Ciro Gomes acha que chegará ao
Planalto graças à condenação do ex-presidente ou é um ingênuo ou sabe que sua
retórica de esquerda é só fachada.
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