Edição Teodoro Neto |
Uma abordagem mal-sucedida terminou com uma garota de nove
anos morta e os pais feridos em Teresina. O caso ocorreu no fim da noite desta
segunda-feira (25), na avenida João XXIII, zona Leste da Capital.
Os tiros teriam sido disparados por policiais militares do
5º Batalhão da Polícia Militar. A guarnição teria dado ordem de parada ao
condutor que estava em um veículo Renault Clio. Ele não obedeceu e seguiu em
frente, quando foram efetuados os cinco tiros, sendo que três atingiram a
família.
No veículo estavam um casal e seus três filhos, incluindo um
bebê de oito meses de idade. Segundo levantamento o condutor não teria
parado porque estava sem a cadeirinha infantil no carro que é de uso
obrigatório.
O Hospital de Urgência de Teresina (HUT) informou que a
vítima, uma criança de nove anos, deu
entrada à meia noite de ontem (25). A criança não resistiu aos ferimentos e
morreu às 5h30 desta terça-feira (26). A menina teve o tórax e costela
perfurados.
Os pais da garotinha foram identificados como Evandro da
Silva Costa, 31 anos, atingido na região do pescoço, e Daiane Félix Caetano,
26 anos, atingida no braço.
Em novembro deste ano foi registrada ocorrência semelhante
na Vila Irmã Dulce, zona Sul de Teresina. Seis pessoas e um bebê de 8 meses
estavam em uma caminhonete quando se assustaram com os tiros. Três pessoas
ficaram feridas, entre elas, a mãe da criança.
Os familiares da menina Emile Caetano Costa, 9 anos, prestam
depoimento na Delegacia de Homicídios. A mãe da criança, Daiane Caetano, disse que estava indo levar a filha para uma franquia de açaí
quando ocorreu a abordagem policial.
"Minha filha estava com fome e pediu para comer um
açaí. Estávamos no carro e na hora de fazer uma rotatória na avenida João
XXIII, meu marido triscou o carro no meio fio. A partir daí, uma viatura da PM
começou uma perseguição. Eu estava com medo porque minha outra filha de oito
meses também estava no veículo sem o bebê conforto. Mesmo assim, decidimos
parar.... quando paramos a polícia efetuou os tiros contra o nosso carro. Foram
pelo menos dez disparos", relata Daiane que acredita que a intenção dos
policiais militares era de matar.
Além de Daiane, do
bebê de colo e sua filha Emile, também estavam no veículo, o cantor sertanejo
Evandro Costa (marido de Daiane e pai das crianças) e Manoeli, filha do casal
de oito anos de idade.
Daiane conta que antes dos policiais efetuarem os disparos,
populares avisaram que o carro estava ocupado por uma família.
"Quando desci do carro, gritando desesperada, o
policial aí me chamou de vagabunda, perguntando por que eu não parei o carro. Uma pessoa disse que
não precisava atirar porque era uma família e o policial disse para ele calar a
boca senão ia sobrar tiro até pra ele", relatou a mulher.
Daiane teve alta do hospital. Já o cantor sertanejo
permanece em observação. Ele foi atingido com um tiro de raspão do lado
esquerdo da cabeça.
Versão da PM
A coronel Elza Rodrigues, relações pública da Polícia
Militar informou que dois policiais do 5º Batalhão foram autuados na manhã de
hoje e levados para o presídio militar.
Segundo a coronel, o condutor do veículo não parou durante a
abordagem e houve uma perseguição ao veículo.
"Segundo a ocorrência, na avenida João XXIII o veículo
parou, uma senhora desceu do veículo com o bebê nos braços, houve verbalização
e disparos. A senhora foi atingida no
braço, o condutor foi ferido na altura da orelha e a criança de 9 anos veio a
óbito", contou a coronel Elza Rodrigues. Informações cidadeverde.com