O caso do apresentador Fausto Silva, que
sofre com insuficiência cardíaca e entrou na fila de transplante de coração,
ligou o alerta para a disparidade entre o número de doadores e pessoas à espera
de um novo órgão.
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Reprodução/ASCOM |
No Piauí, a fila conta hoje com 994
pessoas. Desse total, 474 esperam por um novo rim e 393 esperam por uma córnea.
O transplante de rim e córnea é realizado no Piauí, pela equipe do Hospital
Getúlio Vargas. Os demais (127 pacientes piauienses) que aguardam outros tipos
de órgão serão regulados para outros estados, quando chegar a sua vez de
receber um novo órgão.
"Não existe transplante sem doação,
esse é o grande dilema de pessoas que estão grave esperando um transplante e
não tem doadores. O que acontece é que a necessidade de transplantes é muito
maior do que a quantidade de órgãos que são oferecidos", explica a
coordenadora da Central de Transplantes do Piauí, Lourdes Veras
A fila é regida pelo Ministério da Saúde,
por meio do Sistema Nacional de Transplante. Cada estado possui uma central, que alimenta o sistema
nacional com os dados do paciente que são incluídos na lista de espera.
"É um sistema muito eficiente. Tem um
sistema de controle programado em nível federal, que reúne as listas de espera
do Brasil estão dentro deste programa", explica a coordenadora.
A coordenadora da Central de Transplantes
do Piauí explica que existem dois tipos de candidatos a um transplante.
"Existem os pacientes que entram em urgência nacional, como é o caso do
apresentador Fausto Silva e existem os outros pacientes que não estão em
urgência, como é o caso do transplante de rim, já que existe uma terapia
alternativa, a hemodiálise", explica.
Um paciente em urgência nacional pode
receber um órgão de qualquer unidade da federação, desde que o tempo de
transporte seja suportado pelo órgão. "O coração, por exemplo, só suporta
viagens curtas, de até quatro horas, não mais que isso", explica Lourdes
Veras.
Os paciente que não estão em urgência
recebem órgãos de doadores do seu próprio estado.
Segundo Lourdes Veras, o Ministério da
Saúde conta com um sistema de controle aéreo, e dispõe ainda de contratos com
todas as empresas de transporte aéreo de passageiros que atuam no Brasil, para
realizar o transporte de equipe médicas e órgãos a serem transplantados, de um
estado para o outro.
O Piauí, como os demais estados da
federação, sofreu durante a pandemia porque os dois Hospitais que realizam
transplante de órgão estavam destinados ao atendimento de pacientes vítima da
Covid-19.
Mas a situação já melhorou. Em 2022, O
Piauí bateu seu recorde de realização de transplantes, quando realizou 31
transplantes de múltiplos órgãos. O melhor número, até então, tinha sido
registrado em 2017, quando foram realizados 26 procedimentos.
Este ano, o estado deve, novamente, bater
o seu recorde, vez que já foram realizados 24 doações de múltiplos órgãos.
Como funciona a lista de espera por um
transplante?
No Brasil, o Sistema Nacional de
Transplantes foi implantado pela lei 9434, em 1997, que garante que todos os
brasileiros tenham igual chance de receber um órgão transplantado.
O sistema funciona como um prontuário
eletrônico, que reúne todos os dados dos pacientes que estão à espera de um
transplante de órgão no país. Lá estão descritas informações do paciente, tais
como: gravidade da doença e comorbidades.
"Para um transplante de coração você
precisa de dados como o peso, altura, perímetro do tórax, para verificar a
compatibilidade entre doador e receptor", explica Lourdes Veras.
A distribuição dos órgão no Brasil é feita
a partir de critérios técnicos, que variam de acordo com o órgão a ser
transplantado. Entre os critérios técnicos está a gravidade do estado de saúde
do paciente que aguarda um novo órgão. Cada paciente recebe um escore, a
depender de sua pontuação naquele momento. Esse escore pode varias a medida que
a condição clinica do paciente sofra uma melhora ou uma piora.
A coordenadora da Central de Transplantes
do Piauí explica que é importante que cada cidadão expresse o desejo de ser (ou
não) doador de órgãos para sua família.
"A doação é uma decisão exclusiva e
soberana da família.Não tem nenhum documento no Brasil que tenha esse direito de
você ser um doador. Somente sua família pode doar. Entretanto quando você faz
essa manifestação, quando tem algum documento, mesmo antigo dizendo que a
pessoa é doador, a família vai respeitar esse desejo", diz Lourdes Veras.
O caso do apresentador Fausto Silva
Lourdes Veras explica que a fila de espera
por um coração no país é, relativamente, pequena, dada a mortalidade das
doenças cardíacas.
"Temos quase 30 mil pessoas
aguardando um transplante de rim no Brasil. De coração são 380 pessoas. Porque
as doenças cardíacas são muito graves e a mortalidade é muito alta. São doenças
que não tem como aguardar muito tempo", pontua.
A coordenadora também explica que em São
Paulo, onde o apresentador está internado, o número de doações é maior e isso
aumenta as chances do paciente.
O apresentador Fausto Silva é do grupo
sanguíneo B. Ele precisa de um doador desse grupo sanguíneo. Além disso são
levados em conta critérios anatômico, o doador precisa ter um porte físico
semelhante ao do receptor. Todas essas mensurações que são feitas pelo próprio
sistema a partir dos dados informados pela Central de Transplante de cada
estado.
"Em São Paulo o número de doações é
muito grande, a probabilidade de um doador compatível é grande. A média de
espera para o grupo sanguíneo B, em São Paulo, é de três a quatro meses",
calcula Lourdes Veras.
Porque o Piauí não realiza transplante de
coração?
Segundo Lourdes Veras, o Piauí realizou
transplantes de coração entre os anos de 2001 e 2010, quando contava com
hospitais da rede privada conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) para
realizar esse tipo de cirurgia.
Hoje, nenhum hospital da rede privada está
com convênio ativo com o SUS e os Hospitais da rede pública não dispões da
infra-estrutura necessária para realizar o procedimento no Piauí.
"Os hospitais privados saíra do
Sistema SUS, alguns foram vendidas para outros grupos que não atendem ao sistema
SUS. Um outro problema que identificamos é que os procedimentos eram animadores
do ponto de vista de ressarcir as despesas e hoje não são mais. A tabela de
pagamento de transplante utilizada hoje é de 2010, está defasada", explica
a coordenadora.
No Piauí são realizados transplantes de
rim e tecido (córnea). Os pacientes que necessitam de transplantes de coração,
fígado, pulmão e pâncreas são encaminhados para o Sistema de Tratamento Fora do
Domicílio, regulado pelo Ministério da Saúde.
Além disso, o Hospital Universitário foi credenciado para realizar
transplante ósseo e o Hospital São Marcos está habilitado para realizar
transplante de medula, que tenham o próprio paciente como doador. Informações Cidadeverde.com