Por Teodoro Neto |
O Hospital Evangélico de Curitiba foi condenado pela Justiça
do Trabalho a pagar uma indenização de R$ 4 milhões à médica Virgínia Soares de
Souza, que foi inocentada em primeira instância da acusação de matar pacientes
na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A ação trabalhista foi movida porque ela
deixou de trabalhar no hospital, logo que saiu da cadeia, após cumprir prisão
em caráter preventivo, quando as denúncias foram feitas pela polícia.
Embora Virgínia tenha vencido o processo em primeira
instância, ela ainda não recebeu os valores, pois o hospital recorreu da
decisão.
De acordo com o advogado de Virgínia, Elias Mattar Assad,
Virgínia nunca mais atuou como médica. Ele acredita que ela jamais voltará a
atender pacientes. "Não creio que ela volte pelas conversas que tivemos.
Eu gostaria que o que restou dela voltasse", afirmou.
Virgínia trabalhou por 25 anos no Hospital Evangélico. Em
2013, ela chefiava uma das UTIs do hospital. Naquele ano, a média e mais sete
colegas foram presos, devido às suspeitas de que eles atuariam para antecipar a
morte de pacientes internados no hospital. Um dos objetivos, segundo a
denúncia, era a liberação de vagas para novos pacientes. Segundo as
investigações, as mortes sob suspeita aconteceram entre 2006 e 2013.
Inocência
Na sexta-feira (20), o juiz Daniel Surdi Avellar, da 2ª Vara
do Tribunal do Júri de Curitiba, decidiu inocentar Virgínia e os colegas das
acusações feitas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). O magistrado
considerou que as provas apresentadas pelos promotores não eram conclusivas
quanto a culpa dos réus. Avellar disse ainda que as testemunhas de acusação se
mostraram confusas e deram depoimentos contraditórios e nebulosos. Com a
decisão, eles não devem ser levados ao Júri Popular.
O MP-PR, porém, contesta a avaliação do juiz e diz que vai
recorrer. "Nós queremos efetivamente, por meio do recurso, demonstrar que
esse caso deve ser julgado pela sociedade. Porque casos graves aconteceram lá,
nós temos absoluta certeza disso, e que houve sim antecipação das mortes",
afirmou o promotor Paulo Lima.
Caso o Tribunal de Justiça aceite o recurso da promotoria,
os oito citados nas investigações ainda podem responder pelos supostos crimes
pelos quais foram acusados. A decisão, contudo, caberá aos desembargadores que
vão analisar o caso em segunda instância.
Assad, no entanto, está confiante de que conseguirá manter a
decisão em primeira instância. "Neste caso, o Conselho Regional de
Medicina, por suas câmaras técnicas, analisou cada linha de todos os
prontuários e chegou à conclusão de que ela apenas praticou a incompreendida
medicina intensiva. As pessoas que morreram naquela UTI morreram. Morreram dos
efeitos deletérios de suas próprias doenças", afirmou o advogado. Informação G1
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