Edição Teodoro Neto |
O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F,
e o executivo da empresa Ricardo Saud afirmaram em depoimento à Polícia Federal
nesta segunda-feira (11) que pagaram propina ao senador e presidente nacional
do PP, Ciro Nogueira, inclusive com a entrega de uma mala de dinheiro de R$ 500
mil e doação não contabilizada na campanha de 2016, quando as doações de
empresas passaram a ser proibidas.
Joesley disse também que seus maiores interlocutores sobre
tudo o que acontecia com a empresa JBS, no âmbito da Operação Lava
Jato nos últimos três anos foram Ciro Nogueira, o atual presidente da
República, Michel Temer, e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Saud afirma que os delatores tentaram gravar a entrega de
dinheiro ao senador do PP do Piauí na casa de Joesley. Ciro teria colocando a
mala no porta-malas de um carro dirigido por seu motorista, mas ele estacionou
em um local onde a câmera de segurança da casa não capturou a cena.
O executivo também afirma que a perda de gravação mencionada
no começo do áudio da conversa entre ele e Joesley que desencadeou na prisão de
ambos era do vídeo. Saud não faz menção a quando teria sido feito esse
pagamento.
Joesley deu outra versão sobre uma entrega de R$ 500 mil ao
senador e presidente nacional do PP, mas não está claro se ele se refere ao
mesmo pagamento mencionado por Saud. Segundo o empresário, o dinheiro em
espécie foi entregue na casa de Ciro Nogueira e era a primeira parte de um
pagamento de R$ 8 milhões para o PP ajudar a então presidente, Dilma Rousseff,
na votação contra o impeachment - que ocorreu em abril de 2016.
O delator afirma que o pagamento foi feito após Gilles
Azevedo, ex-assessor de Dilma, lhe pedir para falar com o senador um dia após a
saída oficial do PMDB do governo - aprovada por aclamação em março de 2016.
Segundo ele, Ciro prometeu que ajudaria, inclusive com o PR, em troca dos R$ 8
milhões.
Joesley diz que não relatou esse pagamento na delação porque
"a entrega de dinheiro não teve a ver com ato de ofício no governo, mas
como membro do partido, para mudar de posição" e acreditava que não se
tratava de crime.
O empresário afirmou que o dinheiro foi para adiar a decisão
do PP sobre o impeachment, para dar uma chance à então presidente, mas a
situação se deteriorou, Dilma sofreu o impeachment e as demais parcelas dos R$
8 milhões não foram pagas "por razões diversas".
Procurados, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o Partido
Progressista não se manifestaram até o momento. Informações da GloboNews
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