Os pais da Alice Brasil Souza, criança de 4 anos que morreu após um acidente dentro de uma das unidades do CEV Colégio em Teresina, realizaram uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 7. Bastante abalado, o pai da menina, Claudio Souza, lembrou que o sepultamento da filha aconteceu no dia do seu aniversário, 6, e que a data, que deveria ser de celebração, virou “o pior dia de nossas vidas”.
Dayana Brasil e Cláudio Souza, país de Alice/Reprodução
"Meu aniversário foi no dia de ontem. No dia de ontem o meu presente foi sepultar a minha filha. 6 de agosto, eu sepultei a minha filha no dia do meu aniversário, um dia que eu deveria comemorar mais um ano de vida, tive que enterrar minha filha de quatro anos de idade. Um dia que era pra ser de alegria, virou o pior dia de nossas vidas que jamais sairá de nossas mentes", afirmou o militar do Exército Brasileiro.
Durante o pronunciamento emocionado à imprensa, Dayana Brasil, mãe de Alice, enfatizou a dificuldade para reorganizar a vida sem a presença da filha e para conseguir fazer o filho lidar com a ausência da irmã gêmea.
"Estamos esperando respostas que não tivemos ainda. Nada vai diminuir a saudade dela e a presença dela. Agora vou ter que tirar uma cama do quarto e uma cadeirinha do carro. Vou ter que tirar as roupas delas e meu filho vai ter que ver toda essa transformação, porque tudo sempre foi de dois. Vou ter que administrar tudo isso. Ele vai ter que compreender que ela não vai tá mais ali. Ele vai ter que entender o que nem eu entendo e ninguém consegue entender", lamentou a fotógrafa.
O dia do acidente
Alice estudava em período integral e havia participado de uma festa de aniversário com os colegas horas antes da tragédia. A mãe relatou que, ao se despedir dos filhos, prometeu que os buscaria mais cedo naquele dia. Posteriormente, entrou em contato com uma das professoras para ter informações sobre os filhos. Posteriormente, uma outra funcionária da escola ligou para informar do acidente com a garota.
“No dia 5 eu arrumei meus filhos para o aniversário deles, coloquei a fantasia do aniversário. Nós chegamos e teve a festinha, cantamos o parabéns, todo mundo feliz. Fizemos fotos e nos despedimos. Eu prometi ir buscar mais cedo, para que eles pudessem abrir os presentes em casa. Por volta de meio-dia, eu mandei mensagem para as professoras saber como estavam, a professora da manhã disse que tudo bem. Mandei mensagem para a professora da tarde comunicando que eu ia buscá-los mais cedo. Pouco tempo depois a professora da manhã me retornou a ligação, dizendo que tinha acontecido alguma coisa com a Alice, que ela estava saindo em um carro para a UPA do bairro Satélite”, disse a mãe.
Dayana relatou que chegou a ir até a unidade, mas foi informada que a filha não estava lá. Após diversas tentativas de contato com a escola, recebeu uma ligação de uma professora que lhe deu a localização da ambulância em que a filha estava sendo socorrida. Mesmo no local, ela afirma que as informações sobre o que tinha acontecido com Alice ainda eram muito desencontradas.
"Entrei no carro desesperada. Fui ao local e me disseram que estavam querendo a presença dos pais urgentemente. Quando cheguei, havia algumas coordenadoras na calçada. Não me deixaram entrar na ambulância para ver minha filha, fiz várias perguntas mas ninguém me respondia sobre o que aconteceu. Cheguei a perguntar se ela estava com traumatismo craniano, se estava acordada, se estava consciente, se ela tinha falado pra alguém. A resposta que me davam era que o médico ia falar comigo", disse a fotógrafa.
“Ele abriu a ambulância e a gente viu o que não queríamos ver. Eles estavam tentando reanimar a Alice. Ela estava toda suja de sangue, já sem sinais, sem movimento nenhum. Pediram a gente para sair, porque poderia atrapalhar o trabalho da equipe e nos respeitamos. Ficamos do lado de fora esperando. Poucos minutos depois vieram dizer que não tinha mais o que fazer. A gente entra e vê a nossa filha sem vida, banhada em sangue. A cena mais cruel que já vi na minha vida", completou a mãe
Versões do que aconteceu
A versão inicial, segundo a família, era de que um brinquedo havia caído sobre a menina. Em seguida, foram dadas versões diferentes, sem esclarecimentos objetivos. “Entregamos nossa filha viva, saudável e feliz. Recebemos um corpo. Não sabemos até hoje o que realmente aconteceu”, afirmou o pai.
"Não desejo isso para ninguém. É uma dor que dilacera, uma dor que parte a sua alma. Você não tem mais nada o que fazer pela sua filha. Passei quatro anos resolvendo todos os males que ela enfrentou, todas as doenças, consegui resolver, mas cheguei ali e não pude fazer mais nada, ela nem ouvia a minha voz. Entreguei uma criança viva, saudável, feliz e me devolveram um cadáver", protestou a mãe.
Investigações
De acordo com a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), uma penteadeira caiu e atingiu a criança que estava deitada no chão, provocando seu óbito. O incidente aconteceu na brinquedoteca da escola. A criança chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
O delegado Hugo Alcântara informou que as investigações apontam para “uma fatalidade” e que aguarda o resultado dos laudos periciais cadavérico, de local de crime e das imagens das câmeras de segurança que vão balizar o inquérito. Ele também ouviu professores, cuidadores e uma enfermeira do colégio. Com informações do Portal Cidadeverde.com
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