O ex-estudante de medicina, de 23 anos, condenado pelo estupro de uma irmã e uma prima, de 9 e 12 anos, chegou a Teresina na madrugada desta quinta-feira, 9, após ter sido extraditado da Argentina, onde foi preso depois de mais de um ano foragido. Ele não terá o nome divulgado para não expor as vítimas.
O ex-estudante de medicina, de 23 anos, chegou a Teresina na madrugada desta quinta-feira, 9, extraditado da Argentina |
O preso saiu da Argentina ainda na noite de segunda-feira, 6, com destino ao estado de São Paulo, e chegou ao Piauí por volta das 2h45 desta quinta. (Vídeo abaixo)
Logo após sua chegada, por volta das 4h, ele foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML), para exame de integridade física, em seguida, para a Central de Flagrantes, para aguardar pela audiência de custódia que irá determinar em qual presídio ele cumprirá a pena.
"A extradição foi rápida, aconteceu em menos de dois meses. Ele chegou ao Piauí e agora vai cumprir a pena em solo brasileiro. Hoje, por volta das 9h, ele vai passar por Custódia para o juiz legalizar a sua prisão e definir para que presídio ele vai", afirmou o delegado Matheus Zanatta.
Zanatta, que é superintendente de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do Piauí, informou que o preso pode cumprir a pena em alguma unidade penal em Teresina ou em cidades do interior como São Raimundo Nonato ou Esperantina.
O preso estava foragido desde setembro de 2021, quando recebeu a condenação de 33 anos de prisão por estupro de vulnerável de uma irmã e uma prima, de 9 e 12 anos.
Ele foi preso na cidade de Mar Del Plata, na Argentina, em janeiro de 2023, após passar mais de um ano foragido. O ex-estudante chegou a ser procurado em quatro países pela Polícia Civil do Piauí e a Interpol.
Extradição
O acordo de extradição que existe entre Brasil e Argentina desde 1961 permite que o estudante cumpra a pena no Brasil |
O processo de extradição foi solicitado pela Justiça do Piauí e conduzido pelo Ministério de Relações Exteriores do Brasil. Quando ele foi preso na Argentina, a previsão era de que o processo de trazer ele de volta para o Brasil, onde deve cumprir a pena a que foi condenado, poderia demorar até um ano.
O processo de extradição começa com uma comunicação feita pela embaixada do país que pede a extradição de um criminoso, no caso o Brasil, ao Ministério das Relações Exteriores. O pedido vai então ao Ministério da Justiça, que o encaminha ao Supremo Tribunal Federal, para análise da legalidade da ação.
O acordo de extradição que existe entre Brasil e Argentina desde 1961 permite que ele cumpra a pena no Brasil. Segundo o Tratado de Extradição entre Brasil e Argentina, a extradição do ex-estudante foi facilitada pelo fato de ele já ter sido condenado pela Justiça brasileira.
Prisão na Argentina
O condenado adotou o nome falso de Pedro Saldanha, deixou o cabelo crescer e vivia tranquilamente como garçom na cidade de Mar del Plata, na Argentina. Ele foi preso no dia 17 de janeiro, depois de mais de um ano foragido. (Vídeo abaixo)
O delegado Anchieta Nery, atualmente integrante da Inteligência da Polícia Civil do Piauí, mas que comandou a Delegacia de Repressão a Crimes de Internet até o fim de 2022, contou que a primeira pista do paradeiro do ex-estudante aconteceu online.
"A Polícia Civil ficou por mais de um ano tentando localizá-lo. No fim do ano, surgiu uma informação dele na Argentina, a partir daí, o delegado [Matheus] Zanatta nos acionou, para por meio dos dados cibernéticos confirmar essa identidade, se aquela pessoa que estava tendo uma vida tranquila na Argentina era ele, com o suposto nome de Pedro Saldanha", contou o delegado.
A polícia contou que pessoas que conviviam com ele na Argentina desconfiaram de algumas atitudes e entraram em contato com a polícia no Piauí. Ainda à distância, a polícia buscou confirmar a identidade do foragido.
Em seguida, de forma presencial, segundo o delegado, a polícia chegou a acompanhar de perto a rotina do foragido. Quando a identidade foi confirmada, a Polícia Civil do Piauí solicitou ajuda da polícia da Argentina e da Interpol.
"Ele tinha uma vida tranquila em Buenos Aires, mas quando ele viu que saiu a condenação, de 33 anos de prisão, isso pode ter mexido com o emocional dele e ele mudou de cidade, para Mal del Plata", contou.
A prisão foi efetuada com apoio da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), do Corpo de Investigação Judicial (CIJ) do Ministério Público Fiscal de Buenos Aires e da Polícia Federal Argentina.
Condenação
Em novembro de 2022, o jovem foi condenado pelos estupros contra a prima de 12 anos e a irmã de nove anos. Pelo estupro de outra irmã, com então 3 anos, o réu foi absolvido.
Pelo crime contra a prima, o juiz Raimundo Holland Moura de Queiroz, da 5ª Vara Criminal de Teresina, determinou pena de 10 anos, 4 meses e 7 dias pelo abalo psicológico e relações domésticas.
Já contra a irmã de nove anos, a pena foi de 23 anos e 4 meses, sendo consideradas, além do abalo psicológico, relações domésticas e ser irmão paterno da vítima.
Os crimes
Os crimes foram denunciados pelas mães das vítimas à Delegacia de Proteção à Criança e Adolescência (DPCA), em Teresina, em setembro de 2021.
As vítimas, de 3 a 15 anos na época, revelaram os abusos, que ocorriam entre jogos e brincadeiras, segundo a polícia, principalmente dentro do quarto do estudante, que morava com o pai, a madrasta e as duas irmãs.
Ele estudava medicina em uma faculdade em Manaus, depois das denúncias foi expulso do curso e fugiu. Em mensagem à madrasta, o estudante chegou a confessar o crime e pediu perdão. Do G1 Piauí
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