Uma grave suspeita de peculato e desvio de verba pública emerge no Piauí. Documentos oficiais obtidos pelo Portal Boca do Povo revelam que o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), administrado pela Organização Social Instituto Saúde e Cidadania (ISAC), formalizou uma denúncia contra o Governo do Estado por causa de uma glosa (desconto financeiro) em seus repasses atrelada ao servidor Alan Ricardo Costa Araújo, Agente Operacional de Serviço.
O motivo da denúncia é explosivo: o HEDA afirmou, em ofício, que Alan Ricardo Costa Araújo "não presta serviços no HEDA", levantando a suspeita de que o funcionário público, cedido desde 2022, estaria recebendo sem trabalhar no local de destino, configurando um caso de 'servidor fantasma'.
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| A polêmica envolvendo o HEDA e o blogueiro Alan Ricardo Costa/Reprodução |
A controvérsia que sangrou o caixa do hospital
Em 03 de setembro de 2025, a Direção Geral do HEDA enviou um ofício urgente à Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (SESAPI). O documento não pedia apenas um esclarecimento, mas exigia providências sobre um desconto indevido que comprometia a administração da saúde.
O ISAC/HEDA alegou que a glosa, vinculada ao nome de Alan Ricardo Costa Araújo, era referente a um "servidor alheio ao quadro efetivo de atuação da unidade".
O hospital reforçou que a glosa comprometia a "sustentabilidade financeira" e a continuidade dos serviços hospitalares, o que é "cláusula contratual indispensável".
Embora o salário exato do Agente Operacional de Serviço não tenha sido divulgado, cargos similares na SESAPI têm remunerações que podem ultrapassar R$ 1.600. Multiplicando o custo total pelo período de cessão – que estava ativa desde março de 2022 até o encerramento em outubro de 2025 – o possível prejuízo por mais de 3 anos e 7 meses pode somar dezenas de milhares de reais pagos indevidamente.
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Decisão tardia e silêncio do Governo
Apenas um mês e meio após o alerta formal do HEDA, o Governo do Estado agiu.
Em 22 de outubro de 2025, o Governador Rafael Tajra Fonteles assinou um decreto que cessou os efeitos da disposição de Alan Ricardo Costa Araújo.
A medida encerrou a cessão do servidor da Secretaria de Educação (SEDUC) para a Secretaria de Saúde (SESAPI), com efeitos a partir de 10 de outubro de 2025.
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A cessação rápida, mas tardia, é vista como uma tentativa de estancar a sangria financeira e resolver o problema denunciado pelo HEDA. No entanto, nem a SESAPI, nem o Gabinete do Governador emitiram qualquer nota de esclarecimento sobre:
1. Onde o servidor Alan Ricardo Costa Araújo estava, de fato, trabalhando, se não no HEDA?
2. Por que a glosa referente a um servidor que não prestava serviços estava sendo aplicada ao repasse do hospital?
3. Se haverá apuração interna sobre o recebimento de salário sem a devida prestação de serviço, prática que configura desvio de verba pública?
O caso do "servidor fantasma" soma-se ao contexto de graves investigações já em curso na saúde do Piauí, onde a CGU, PF e TCE já miram a gestão de Organizações Sociais contratadas pela SESAPI. Com informações do Portal Boca do Povo



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