quarta-feira, 27 de abril de 2016

Piauí tem pior índice de presos estudando, apenas 4%

O Ministério da Justiça divulgou nesta terça-feira (26) uma nova edição do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), atualizado até dezembro de 2014. De acordo com o relatório, a população penitenciária brasileira chegou a 622.202 pessoas naquele mês - sendo que 3.182 estavam encarcerados em unidades penais do Piauí.
O perfil socioeconômico dos detentos mostra que 55% têm entre 18 e 29 anos, 61,6% são negros e 75,08% têm até o ensino fundamental completo. O levantamento traz informações sobre a população carcerária e sobre os estabelecimentos prisionais da União, Estados e Distrito Federal.
Segundo o estudo, o Brasil conta com a quarta maior população penitenciária do mundo, atrás apenas de Estados Unidos (2.217.000), China (1.657.812) e Rússia (644.237). Entre os detentos brasileiros, 40% são provisórios, ou seja, não tiveram condenação em primeiro grau de jurisdição.
Sobre a natureza dos crimes pelos quais estavam presos, 28% dos detentos respondiam ou foram condenados por crime de tráfico de drogas, 25% por roubo, 13% por furto e 10% por homicídio.
O diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Renato De Vitto, ressaltou que o crescimento da população penitenciária brasileira nos últimos anos não significou redução nos índices de violência. “Pelo contrário, mesmo com o aumento dos encarceramentos, a sensação de insegurança não diminuiu. Isso significa que é preciso se repensar a prisão como instrumento de política pública para combater a criminalidade”, destacou.
Taxa de encarceramento - Em relação à taxa de encarceramento geral (número de pessoas presas por grupo de 100 mil habitantes), o Brasil encontra-se na sexta colocação mundial, com uma taxa de 306,2 detentos por 100 mil habitantes, ultrapassada apenas por Ruanda, Rússia, Tailândia, Cuba e Estados Unidos.
Em 2004, a taxa brasileira era de 135 presos por 100 mil habitantes. Se considerada apenas a taxa de encarceramento feminino, saltou de 13,58 em 2005 para 32,25 detentas por 100 mil habitantes.
Outro dado aterrador é que, enquanto os demais países com maiores taxas de encarceramento estão reduzindo seus índices nos últimos anos, o Brasil segue em trajetória oposta, incrementando sua população prisional na ordem de 7% ao ano, aproximadamente.
O ritmo de crescimento do encarceramento entre as mulheres é ainda mais acelerado, da ordem de 10,7% ao ano, saltando de 12.925 mulheres privadas de liberdade em 2005 para a marca de 33.793, registrada em dezembro de 2014.
E pior. Segundo o relatório do Departamento Penitenciário Nacional, não há pistas de que o encarceramento desse enorme contingente de pessoas, esteja produzindo qualquer resultado positivo na redução da criminalidade ou na construção de um tecido social coeso e adequado.
O diagnóstico aponta ainda que, se considerado o número de pessoas que entraram e saíram do sistema penitenciário nacional ao longo de 2014, pelo menos um milhão de brasileiros vivenciaram a experiência do encarceramento, no período de um ano.
Entre todos os Estados do país, Piauí possui o menor percentual de presos envolvidos em atividades educacionais, sejam elas formais ou complementares. Índice que só é igualado por Goiás.
Em dezembro de 2014, no Piauí, apenas 131 presos estavam participando de alguma atividade desse tipo, que, conforme enfatiza o próprio Ministério da Justiça, são extremamente relevantes para a ressocialização do apenado, e prevenção da criminalidade mediante a redução da reincidência e mesmo diminuição dos incidentes prisionais como rebeliões e motins. "Também são úteis para a diminuição da quantidade de presos, uma vez que atividades educacionais estão associadas à remição da pena. Segundo a Lei de Execução Penal, cada 12 horas de frequência escolar equivalem a um dia a menos de pena", destaca o relatório divulgado pelo Depen.
Em entrevista a O DIA, o secretário de Justiça, Daniel Oliveira, afirmou que apesar deste índice no Piauí ainda estar muito baixo, houve uma significativa melhora em sua gestão - período que ainda não está retratado no levantamento divulgado pelo Depen, feito até dezembro de 2014.
No Piauí, há 2.221 vagas para os 3.182 detentos - resultando numa taxa de ocupação de 143%.
Situação de risco - Segundo dados do Ministério da Saúde, pessoas privadas de liberdade têm, em média, chance 28 vezes maior do que a população em geral de contrair tuberculose.  A taxa de prevalência de HIV/Aids entre a população prisional era de 1,3% em 2014, enquanto entre a população em geral era de 0,4%.
Em 2014, a taxa de mortalidade criminal (óbitos resultantes de crimes) era de 95,23 por 100 mil habitantes, enquanto entre a população em geral, a taxa era de 29,1 mortes por 100 mil habitantes.
O relatório de dezembro de 2014 foi realizado pelo Depen em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por meio do termo de parceria 817052/2015. - informações: O dia


edição: PpC

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